Motoristas de ônibus recebem orientação sobre biodiversidade

Uma platéia atenta, curiosa, e em muitos momentos surpresa, formada por 184 motoristas de ônibus de Curitiba, acompanhou na tarde desta quarta-feira (8) uma palestra sobre assuntos como biodiversidade, biossegurança e biopirataria.

Os temas, apresentados por Lis Zeni, do Comitê Local encarregado de preparar a cidade para as conferências da ONU que começam neste fim de semana em Curitiba, integram a capacitação dos motoristas que trabalham nas linhas do Aeroporto Afonso Pena e que vão atender os itinerários dos eventos.

A partir deste sábado (12) Curitiba sedia a 3ª Reunião das Partes do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança (MOP3) e 8a Reunião da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8). A expectativa é que as duas conferências reúnam em torno de seis mil representantes de 187 países e Comunidade Européia.

As palestras de capacitação para quem vai trabalhar de forma indireta nas conferências estão funcionando, para a grande maioria dos participantes, como elemento surpresa, afirma Lis Zeni, que trabalha na gerência de manutenção de equipamentos da Urbs.

"O objetivo, neste caso, é apresentar aos nossos motoristas o que são estes eventos e o que eles significam, e prepará-los para uma movimentação atípica nos próximos dias, de pessoas vindas de diversas partes do mundo", afirmou Lis.

Temas como biopirataria, transgênicos, clima e catalogação de espécies vegetais e de animais foram apresentados aos motoristas que se mostraram ao mesmo tempo curiosos e surpresos. Agostinho Vergílio Neto, que trabalha há seis anos como motorista do transporte coletivo de Curitiba, disse que nem imaginava que a cidade iria receber tanta gente vinda de todos os países do mundo.

"Tinha ouvido falar alguma coisa, mas não sabia exatamente o que é que eles viriam fazer aqui, agora já posso chegar em casa e contar para minha família que mais de 180 países vão mandar pessoas para Curitiba para discutir maneiras de preservar a natureza e de impedir a depredação de nossa maior riqueza, que é o meio ambiente", afirmou.

Agostinho tem 44 anos, estudou até a 8.ª série do ensino fundamental e está em Curitiba há 20 anos. Ele é do interior do Paraná e conta que até os 25 anos de idade trabalhou na roça, passando veneno (agrotóxico) nas plantações de algodão. "Eu tinha noção do perigo. Por causa disso me protegia, mas sempre achei que só a gente corria o risco. Não imaginava que aquele veneno poderia matar os animais e nem mesmo contaminar a água que a gente bebe".

Quando perguntado sobre o que exatamente virão fazer em Curitiba representantes de 187 países, o motorista Pedro Munhoz, arriscou: "Eles vêm estudar e pesquisar a biodiversidade e debater maneiras de melhor preservar a natureza". Ele disse que quando a palestrante abordou o tema da biopirataria, ficou bastante irritado por saber que há países que querem registrar riquezas brasileiras. "Como disse a professora (palestrante), todos nós temos que ficar espertos e aprendera cuidar melhor do nosso meio ambiente, das nossas plantas, nossos animais e nossa água".

Beatriz di Senha, que esteve representando a empresa Auto Viação São José que faz o transporte de passageiros (linha executivo) do Aeroporto Affonso Pena aos principais pontos da área central de Curitiba, disse que considera essas palestras fundamentais para seus funcionários. "Achei o pessoal que vem ministrando essas palestras, muito didático. A linguagem aplicada é muito clara e bastante acessível a todos", atesta.

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