Moradores aprovam operação Parolin

Desde a madrugada de quinta-feira (05), cerca de 700 policiais civis e militares participam de megaoperação para garantir a segurança da Vila Parolin, em Curitiba, deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública. Até a tarde de ontem, 1.493 pessoas foram abordadas, 214 veículos foram vistoriados e 84 motos revistadas. Quarenta e quatro pessoas foram detidas e mais de 200 itens furtados ou contrabandeados foram apreendidos.

Hoje, quem passa pela Vila Parolin não tem medo de andar pelas ruas do bairro. Estigmatizado pela violência e pobreza, quem mora ali sente o que é discriminação na pele, até na hora de conseguir um emprego. Os moradores reclamam, principalmente, da violência no local. Por conta disso, a maioria aprova a ação drástica da polícia de ocupar o bairro com cavalos, cães, motocicletas, carros e, até mesmo, um helicóptero para monitorar o local.

Indianara Viana, administradora do Ecos (Espaço de Contra-turno Socioambiental), entidade que atende crianças durante o período em que não estão na escola e que fica no centro da vila, disse que, com o policiamento, muitos projetos poderão ser implantados. ?O Parolin é um bairro abandonado, que precisa de atenção das autoridades e estamos percebendo que isto está acontecendo agora. Aqui no Ecos, cuidamos de crianças que ficavam soltas nas ruas depois da escola. Muitas delas vêm de famílias desfeitas, nas quais os pais são traficantes ou homicidas. Nosso trabalho é resgatar a autoconfiança dessas crianças. Damos aula de cidadania, além de educação para a preservação do meio ambiente?, relatou.

Segundo Indianara, a violência no bairro é mais evidente à noite. ?Depois das 18h, ninguém mais tinha sossego para sair de casa. Um fato curioso é que, como trabalho o dia inteiro, lavo as roupas da casa à noite e, antes de dormir, tinha que recolhê-las mesmo molhadas para não correr o risco de serem furtadas do fundo do quintal. Ontem, pela primeira vez, elas ficaram no varal a noite toda?, contou.

Paz

O comerciante Sebastião de Araújo, que mora há 18 anos no bairro, disse que a ação da polícia tem sido um alívio para os moradores. ?Meu bar abre às 8h da manhã e fecha às 19h. Não me atrevo a passar deste horário para evitar brigas. Com a polícia, ficamos mais tranqüilos para trabalhar?, contou. O pedreiro Salvador Tavares relatou que nunca teve problemas na vila, onde mora há 35 anos, mas que a ação da polícia é importante. ?Apesar de eu nunca ter me metido em confusão, sei que acontecem muitas brigas aqui e isto precisa acabar?, afirmou. Rosana Soares da Silva tem uma mercearia na vila, e reclama do barulho. ?Não conseguimos dormir porque tem arruaça e tiroteio depois das 20h. Com a polícia aqui, a paz voltou ao bairro?, conta.

Segundo o secretário da Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, esta atitude de receptividade da população já era esperada. ?A vila é povoada por gente de bem, uma minoria só que aterroriza o bairro e contribui para estigmatizar a região. Quem não gosta do trabalho que a estamos fazendo, provavelmente deve alguma coisa à polícia e se sente ameaçado com a as abordagens?, disse.

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