A administração de George W. Bush pode ter inaugurado um novo tipo de “guerra fora-da-lei” ao lançar um míssil que matou seis pessoas no Iêmen, na semana passada. Os seis, entre eles um cidadão norte-americano, segundo diversas fontes, foram vítimas de um míssil que destruiu o carro onde estavam, lançado a partir de um avião sem piloto operado pela CIA.
Segundo declarou ontem a conselheira de Segurança Nacional de Bush, Condoleezza Rice, em um programa da Fox News, “o presidente (Bush) deu ampla autoridade para funcionários dos EUA, em variadas circunstâncias, fazerem o que seja necessário para proteger este país”. A assessora da Casa Branca foi ainda mais explícita: “Estamos em um novo tipo de guerra e já deixamos muito claro que neste novo tipo de guerra se lutará em frentes diferentes”.
A revista semanal norte-americana “Newsweek”, na edição que chegou às bancas ontem, sugere que outros ataques do tipo iemenita estão sendo preparados. “Newsweek” fez a pergunta ao senador Robert Graham, da Flórida, que presidiu até hoje a Comissão de Inteligência do Senado. A resposta foi: “Assim espero”.
Diversos grupos de defesa dos direitos humanos, entre eles a Anistia Internacional, expressaram sua contrariedade com o incidente. A Anistia escreveu a Bush na sexta-feira, pedindo que esclarecesse a responsabilidade norte-americana no ataque aéreo.
“Se isso foi um assassinato deliberado de suspeitos, em vez de prendê-los ? em circunstâncias que não representam uma ameaça imediata ? as mortes seriam execuções extrajudiciais, violando as leis internacionais relativas aos direitos humanos”, disse a entidade sediada em Londres, normalmente muito cautelosa no que toca aos direitos humanos no Oriente Médio.
Caso se confirme a responsabilidade norte-americana no episódio, os EUA terão praticado exatamente o que criticam em seu aliado, Israel, que assassina palestinos sem qualquer julgamento e não reluta em agir fora de suas fronteiras sem prestar satisfações aos países onde realiza suas incursões.