Mínimo é apelido

Em meio a uma torrente pecuniária jamais vista no País, infelizmente canalizada para fins indignos, como o financiamento de campanhas eleitorais e a compra de votos, surge em cena o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, cumprindo o ritual de entregar ao presidente do Senado a proposta orçamentária para 2006.

Grande esperança foi garantida aos trabalhadores ancorados no patamar do salário mínimo. Segundo o ministro, a proposta orçamentária a ser examinada no Congresso, a partir de agora, prevê o aumento de 6,97%. Dizendo de outra forma, o aumento significará mais R$ 21 no bolso do trabalhador! Um excesso de dinheiro que poderá transformar muitíssimos trabalhadores em estróinas e gastadores compulsivos!

Talvez o Congresso Nacional, ao considerar o item, conclua pela necessidade de adotar algum tipo de orientação precípua, a ser ministrada pelos expertos em finanças familiares mais conceituados do País, sobre como se comportar diante desse excesso atordoante no ganho mensal.

É provável também que certo luminar do parlamento, em algum instante da discussão fique convencido da inviabilidade de semelhante providência, tendo em vista que os custos de implantação excederiam em muito a margem do aumento do salário mínimo. E mais formidável: o orçamento de 2006 não tem nenhuma previsão para esse tipo de gasto.

Um capítulo, porém, não poderia deixar de ter destaque na proposta de orçamento, o do superávit primário. O famigerado expediente foi fixado em 4,25% do Produto Interno Bruto, englobando União, estados, municípios e empresas estatais. Algo em torno de R$ 52,4 bilhões a menos em gastos sociais e na infra-estrutura, remanejados para o pagamento de juros da dívida pública.

O orçamento total para 2006 será de R$ 1,676 trilhão, dos quais a bagatela de R$ 178 bilhões será reservada para cobrir as exigências dessa conta monumental.

A adversidade da situação é constatada pelo fato de que a proposta de gastos para o próximo exercício, tendo em vista a área social, é passar dos R$ 48,1 bilhões desse ano para R$ 55,9 bilhões em 2006.

Como se percebe, despesa pouco superior à previsão do superávit primário, que repete a sinalização de que as filas do INSS continuarão gigantescas e a infra-estrutura (portos, ferrovias, rodovias, etc.) seguirá sucateada e abandonada Brasil afora.

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