Mil pessoas deitam no calçadão em Copacabana para lembrar mortes violentas

Rio de Janeiro – Cerca de mil pessoas participaram na manhã deste sábado (7), na praia de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, de um protesto contra a violência. Vestindo camisetas pretas, os manifestantes deitaram no calçadão e ficaram imóveis por aproximadamente meia hora para simbolizar as quase mil mortes que ocorreram no estado por causa da violência, apenas nos três primeiros meses deste ano, conforme estatísticas da Secretaria de Segurança Pública.

O ato foi realizado três vezes e seguido de uma caminhada pela orla de Copacabana. Os voluntários carregaram cartazes e faixas pedindo paz.

De acordo com Antônio Carlos Costa, fundador da organização não governamental (ONG) Rio de Paz, responsável pelo protesto, o objetivo é mobilizar a população de uma forma inteligente e chamar a atenção para o aumento do número de vítimas da violência.

?Estamos inaugurando uma nova forma de protesto no país, um protesto cujo impacto que não é tornado público através da participação de uma multidão, mas de uma atuação inteligente que deixe a consciência da população ferida. O que tentamos fazer é ajudar a sociedade a mensurar o que está acontecendo?, explicou Costa.

Para Tico Santa Cruz, vocalista do grupo Detonautas, que também organizou o protesto, a manifestação causou um enorme impacto visual, capaz de reproduzir a real dimensão de tantas mortes. O guitarrista da banda, Rodrigo Netto, morreu ao reagir a um assalto em 2006.

?As pessoas deitadas umas do lado das outras ocuparam a extensão de cerca de um quilômetro. A imagem era como aquelas cenas horrorosas do nazismo, dos corpos sendo jogados em valas. É uma forma de a população visualizar a atrocidade que é mil pessoas terem morrido em três meses no Rio de Janeiro. É uma estatística de guerra?, afirmou.

Há cerca de um mês, cerca de 50 integrantes da mesma organização transformaram um trecho da Praia de Copacabana em um pequeno cemitério, também para lembrar as pessoas que perderam a vida em atos violentos. Eles fincaram 700 cruzes na areia para representar as vítimas de violência no estado até aquele momento.

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