Meirelles viaja à Colômbia e escapa de questionamento no Senado

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, cancelou sua participação em uma audiência pública no Congresso para ir à Colômbia, onde participa de encontros no Banco de La Republica e do Centro de Estudos da América Latina (CEMLA). Ele tem autorização do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ficar no exterior até o final desta semana. O Banco Central sugeriu aos parlamentares que Meirelles fosse substituído pelo diretor de Política Econômica, Afonso Bevilaqua. Os senadores não aceitaram. Preferiram aguardar o retorno do presidente do BC para marcar uma nova data.

Com isso, Meirelles se livrou, ao menos temporariamente, de ser questionado em público sobre suspeitas que pesam sobre ele. A Procuradoria-Geral da República quer investigar o presidente do BC por supostos crimes de remessa ilegal de recursos ao exterior, sonegação fiscal e crime eleitoral. O pedido está parado no Supremo Tribunal Federal (STF), que antes de abrir a investigação quer decidir se é constitucional a lei que deu ao presidente do BC o status de ministro. Essa questão deverá começar a ser julgada no próximo dia 5.

A audiência pública, que seria uma reunião conjunta de cinco comissões do Senado e da Câmara, não estava formalmente programada para ser uma sessão de questionamentos a Meirelles. Previsto pelo Lei de Responsabilidade Fiscal, o encontro serviria para fazer um balanço das atividades do BC nas áreas monetária, creditícia e cambial.

Havia a expectativa, entretanto, que os parlamentares não deixariam passar a oportunidade de pedir explicações ao presidente do BC. O próprio governo contava com essa possibilidade. Há cerca de um mês, quando foi acertada a ida de Meirelles ao Congresso, ficou acordado que o presidente do BC não se esquivaria das perguntas, mas tampouco discutiria detalhes das denúncias. Dessa forma, procuraria passar a mensagem de tranqüilidade diante do bombardeio.

Nos meios jurídicos, corre a interpretação que o governo estaria colocando em prática uma estratégia para ganhar tempo. O pedido de investigação contra Meirelles foi feito pelo procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, cujo mandato se encerra em junho. Seu sucessor será escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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