Mar insalubre

Mesmo vivendo a situação inusitada de ter feito ampla campanha publicitária para divulgar as virtudes do nosso litoral e, com isso, diminuir o número de paranaenses que preferem freqüentar a orla do vizinho Estado de Santa Catarina, o governo não tergiversa em admitir que dos 37 pontos monitorados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), apenas três apresentam índices aceitáveis de balneabilidade.

Então, para que se entenda bem, a realidade mostra que a maioria absoluta dos locais de banho nas praias paranaenses, não recomenda a prática mais prazerosa para os veranistas nesta época do ano.

Na verdade, trata-se de gritante paradoxo, porquanto se o governo fez a lição de casa ao divulgar que o litoral é a melhor opção para as férias, em contrapartida vê-se na obrigatoriedade de advertir quanto aos riscos que um refrescante banho de mar acarreta para a saúde das pessoas.

Apesar do esforço do secretário do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, ao fazer a exegese das análises divulgadas pelo IAP, afirmando que as mesmas não refletem com rigoroso grau de acerto a situação das praias, ao longo dos 80 quilômetros da costa, os veranistas já plasmaram a idéia de que as águas não estão aptas para o banho de mar.

Mesmo a ressalva de que a 100 metros dos pontos de coleta a água se dilui, tornando-se própria para o banho, não é forte o suficiente para convencer os banhistas, pois estes não se dirigem à praia para deambular à procura de local apropriado para dar seus mergulhos.

Cheida explicou que se colocados um ao lado do outro, os pontos impróprios para o banho não somam mais de três quilômetros. Citou como exemplo o Pontal do Paraná, com 22,2 quilômetros de praia, onde somente 800 metros estariam interditados.

De qualquer forma, os banhistas têm por costume não se afastar em demasia de seus apartamentos, casas, hotéis ou pousadas em que residem ou se hospedam, não raro se arriscando a entrar na água mesmo nos locais poluídos.

É louvável a atitude do governo ao divulgar os pontos em que o banho de mar é perigoso para a saúde. Assim como, ao fim e ao cabo, deveria ter tomado providências em tempo hábil para evitar o constrangimento – que não é de agora – de exaltar a beleza do litoral, mas ao mesmo tempo admitir que a água pode estar contaminada, até mesmo pela razão elementar da elevação temporária dos habitantes da região.

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