O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está preparado para a possibilidade de enfrentar uma contundente condenação ao aborto durante a conversa reservada que terá com o papa Bento XVI, no Palácio dos Bandeirantes. A perspectiva de que o assunto seja colocado em pauta pelo pontífice aumentou depois que ele se referiu ao tema tanto na entrevista coletiva que concedeu no avião a caminho do Brasil quanto em seu primeiro discurso depois da chegada – já ao lado do presidente.
Se de fato se confirmarem, as referências ao tema significarão uma mudança nas expectativas iniciais do Planalto. Na segunda-feira, Lula disse em seu programa de rádio semanal, ‘Café com o Presidente’, que pretendia discutir com o papa temas como a pobreza mundial – além de apresentar ao pontífice as políticas sociais de seu governo e pedir ajuda para ?disseminá-las pelo mundo?.
Uma eventual opção do papa por incluir o aborto no rol dos assuntos discutidos ao longo do encontro pode deixar a conversa um pouco mais árida do que o Palácio previa inicialmente. Em entrevista a emissoras católicas, em Santa Catarina, o presidente afirmou nesta semana que é pessoalmente contra a interrupção da gravidez, mas que, como chefe de Estado, tem que tratar o assunto como questão de saúde pública.
Agora, Lula terá que encontrar formas diplomáticas de expor sua opinião diante de uma eventual opção do papa por voltar a condenar o tema – um movimento considerado natural por especialistas principalmente depois da reforma legal no México que descriminou a interrupção da gestação nas primeiras 12 semanas. O encontro de Lula com o papa deve durar uma hora. Em seguida, Bento XVI receberá o governador José Serra e a embaixadora do Brasil no Vaticano, Vera Machado.