Lula diz que vai negociar reforma agrária exigir respeito a acordos

Numa advertência ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que exigirá respeito aos acordos firmados no processo de negociação da reforma agrária, a serem iniciados no início do ano que vem, caso eleito. O petista reforçou que, se houver invasões, seu eventual governo utilizará a força da lei. “O tratado vai ter de ser respeitado”, avisou o candidato.

Lula aproveitou para esclarecer as recentes declarações atribuídas a ele, de que seria o único presidenciável capaz de “segurar” os sem-terra. “Eu não seguro nem meu filho de 17 anos, quanto mais o MST, que é um movimento autônomo, não tem que pedir licença ao PT, nem à CUT (Central Única dos Trabalhadores), nem às comunidades de base”, disse o candidato.

“Eu não quero ser presidente para segurar nada, quero ser presidente para fazer políticas públicas, que sejam articuladas e negociadas com a sociedade e que façam que a sociedade seja co-responsável pelas principais decisões que eu tomar.”

Ele prosseguiu: “Eu tenho dito que sou a única possibilidade de se ter uma reforma agrária tranqüila e pacífica neste País, sem precisar de nenhuma ocupação de terra, sem precisar de nenhuma violência, contra quem quer que seja”. Para isso, ressaltou o petista, as partes envolvidas nas negociações terão de respeitar todas as decisões tomadas no processo de discussão.

“Eu acho que acordo é acordo e, na hora que dois segmentos da sociedade, dois homens ou duas mulheres, ou um homem e uma mulher se sentam e fazem um acordo, aquilo para mim vale lei e tem de ser cumprido.”

A idéia de um eventual governo petista é definir metas e prazos da reforma agrária só a partir do início do ano que vem. “Vamos fazer a negociação com o mapa do Brasil na mão para saber onde estão os 90 milhões de hectares de terras ociosas espalhadas pelo território e saber onde poderemos assentar, porque o problema não é só assentar”, disse o candidato. “Temos quase 4 milhões de pessoas que já têm propriedades abandonadas.”

Luz do dia

Questionado sobre qual seria sua postura se houvesse invasões no período de negociação, Lula disse que recorreria à Justiça. “Esse País tem lei e tem Constituição. Se a Constituição vale para o presidente da República, vale para o mais humilde destes seres humanos do País, vale para todos os movimentos organizados”, disse.

“Estas regras, quero deixar claras para todo mundo: desde os meus amigos sindicalistas, funcionários públicos, até o MST e os com-terra”, afirmou. “Este País tem regras, estão estabelecidas e todos estamos subordinados a elas”, disse. “Este vai ser o jogo: jogado à luz do dia, como o Brasil fez com a Alemanha na final da Copa do Mundo, não vai ter segredo.”

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