Luizinho e Paulo Rocha afirmam que não vão renunciar

Os deputados Professor Luizinho (PT-SP), ex-líder do governo na Câmara, e Paulo Rocha (PA), ex-líder do PT naquela Casa, disseram há pouco que não vão renunciar a seus mandatos e não se sentem constrangidos em participar do encontro da bancada do PT na Câmara com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. Ambos fazem parte da relação de deputados acusados de ter recebido dinheiro saído de contas do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza.

A reunião com Lula, originalmente marcada para as 10 horas, ainda não começou. Quando de sua chegada ao Palácio, Luizinho tentou furar o cerco das câmaras de TV e entrar rapidamente no elevador. "Não vou renunciar, e não estou constrangido de participar da reunião, porque fui eleito", disse Luizinho rapidamente, quando questionado se renunciaria e se não estava constrangido de participar da reunião. Também Rocha disse que não vai renunciar. Questionado se caixa 2 não é crime, ele respondeu: "Não é crime, isso é irregularidade partidária. Eu não quebrei o decoro parlamentar, portanto a renúncia não está colocada".

Rocha disse que já esclareceu para a imprensa e para a opinião pública o saque de recursos de Marcos Valério feito por um de seus assessores. "Foi uma intermediação entre o PT nacional e o do Pará", argumentou. O líder do PT, Henrique Fontana (RS), por sua vez, demonstrou otimismo em relação ao futuro do partido. "Esse assunto (renúncia de deputados) não é pauta neste momento", afirmou. Esta reunião com o presidente é para discutirmos nossa estratégia para os próximos doze meses, visando à reeleição".

Indagado se a avaliação não era otimista, já que o partido corre o risco de perder deputados numa possível cassação, Fontana disse que o pior da crise já passou. "Temos de absorver tudo aquilo que ocorreu e levar em conta que os resultados deste governo são bem melhores que os do governo dos nossos opositores", disse, referindo-se ao governo Fernando Henrique Cardoso. Fontana avaliou que a presença de parlamentares, como José Dirceu (PT-SP), Luizinho e Rocha, acusados de envolvimento no esquema de mensalão, não é constrangedora. "Não podemos condenar ou absolver previamente nenhum parlamentar", afirmou.

Já o deputado Walter Pinheiro (BA), que sempre fez oposição ao grupo de Dirceu (Campo Majoritário) no PT, disse que o bloco de esquerda do partido também perdeu com a crise. Seis deputados deixaram a sigla. "Esta reunião (com Lula) vai tratar de diversos pontos que ainda precisam melhor discutidos", afirmou Pinheiro, referindo-se à situação dos acusados de envolvimento em esquema de mensalão. O petista baiano disse, também, não ter participado de nenhum acordo para garantir legenda aos petistas envolvidos no escândalo em troca da renúncia. Ele ressaltou que o papel desempenhado pelo ministro das Relações Institucionais, Jaques Wagner, para o encerramento da greve de fome do bispo Luiz Flávio Cappio, que protestava contra o projeto de transposição do São Francisco, deve ser lembrado, no encontro com Lula, para se tornar um exemplo de diálogo na relação futura dos deputados petistas com o Palácio do Planalto.

Voltar ao topo