Lodo na recuperação fertilidade do solo

O aproveitamento do lodo do esgoto para a recuperação da fertilidade de solos agrícolas. Este é o tema de um estudo desenvolvido pelo professor do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da UFPR, Luiz Lucchesi, que serviu de base para a elaboração de uma resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) número 375/2006, publicada em Diário Oficial no último dia 30. O documento do órgão normativo do Ministério do Meio Ambiente trata justamente da reciclagem agrícola do lodo do esgoto.

?Atualmente, o Conama classifica o lodo em A e B. O A possui uma menor quantidade de agentes patogênicos que o B, não atraindo vetores e sendo mais seguro para o meio ambiente. Meu estudo é relativo à transformação do lodo do esgoto, que é resultado do tratamento da água, em lodo classe A, que pode ser utilizado de forma mais segura como fertilizante agrícola?, diz Lucchesi.

A transformação do lodo do esgoto em lodo A, segundo as pesquisas desenvolvidas pelo professor, acontece através de um processo de pasteurização, no qual os agentes patogênicos presentes na substância são eliminados, assim como os maus odores. Com o procedimento finalizado, o lodo deixa de ser pastoso e se transforma em produto sólido, na forma granulada, sendo enriquecido com organismos considerados benéficos ao solo.

?O lodo A é muito mais econômico que o lodo B. Por não estar contaminado, sua logística é bem mais simples. Sendo assim, ele pode ser mais facilmente transportado, manuseado, aplicado pelos agricultores e monitorado?, explica Lucchesi. ?Além disso, a transformação do lodo do esgoto em fertilizante é uma atitude correta do ponto de vista ambiental. Quando ela é realizada, a substância poluente deixa de ser acumulada nos leitos dos rios, incinerada ou descartada em aterros sanitários?.

Em um período máximo de cinco anos, de acordo com a resolução recém-lançada pelo Conama, a reciclagem de lodo classe B, que é verificada em lavouras de todo Brasil, terá que ser totalmente banida em território nacional. O professor da UFPR defende que, desde já, o Paraná se antecipe ao prazo e só utilize o lodo A, o que preservaria a imagem da agricultura paranaense perante o mercado internacional.

Dados de Curitiba

Cálculos realizados por Lucchesi no decorrer de seus estudos indicam que cada pessoa produz diariamente entre cem e duzentas gramas de lodo de esgoto. Só em relação à população de Curitiba, a cada dia são produzidas aproximadamente 130 toneladas que poderiam ser transformadas em lodo classe A. Ainda na capital, apenas na beira do Rio Iguaçu, existe lodo acumulado há mais de trinta anos.

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