Julgamento político

Jus Esperneandi é a forma jocosa com que muitos definem o esforço feito por alguém pressionado por força maior que a sua, ou quando pretende defender-se de acusação considerada descabida ou inverídica.

É o caso do deputado federal José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil da Presidência da República, que enfrenta processo de cassação de mandato no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O relator do processo, deputado Júlio Delgado (PSB-MG), avisou que dará parecer favorável à perda do mandato.

O antigo dirigente da UNE, preso naquele juvenil congresso de Ibiúna, quando centenas de estudantes chegaram, de inopino, à pacata cidade supondo que o fato não chamaria a atenção do mais obtuso agente policial, reclama que está sendo injustiçado.

Delgado propugna em seu voto que José Dirceu abusou das prerrogativas de parlamentar mesmo estando deslocado para a Casa Civil, sobretudo nas audiências concedidas a dirigentes do Banco Rural e BMG, sabidamente intermediadas pelo publicitário Marcos Valério.

O relator também contesta a afirmação que Dirceu não tinha conhecimento prévio dos empréstimos bancários obtidos pelo PT, tal a robustez dos indícios da manipulação desse dinheiro pelo tesoureiro Delúbio Soares, quadro indicado pelo próprio chefe da Casa Civil para a executiva nacional do partido.

O ex-guerrilheiro afirma que renunciar é admitir a culpa e, como não o fez, terá de encarar o julgamento de seus pares.

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