Jovens protestam em memória à Chacina da Candelária

Cerca de 20 adolescentes lavaram nesta sexta-feira (21) a cruz colocada na frente da Igreja da Candelária, no centro do Rio, em memória aos 13 anos da Chacina da Candelária, que serão completados no domingo. Eles também leram o nome dos oito menores de rua assassinados por policiais militares.

O ato abriu a Semana em Defesa da Vida, cuja idéia partiu da articulação entre organizações não-governamentais, empresas, parlamentares, artistas, instituições de defesa da vida, movimentos sociais e populares, além de representantes religiosos.

O evento, que vai até o dia 28, oferecerá sessões de cinema, celebrações religiosas, audiência pública e discussões sobre os direitos humanos, políticas públicas, segurança e discriminação em vários pontos do centro da cidade.

Lembranças

Um dos sobreviventes da matança, Adiel Mariano Coutinho, de 17 anos, se emocionou com a homenagem. "Minha vida mudou para melhor. Naquela época, eu sofria muito. Não tinha como sobreviver e o jeito era roubar para me alimentar. Já fui preso, mas agora encontrei o apoio necessário", disse ele, que foi acolhido ainda criança por uma instituição de defesa da vida. "A população não tem que ver o garoto de rua como um ladrão e sim como alguém que precisa de ajuda".

Em 1993, data da chacina, Adiel tinha quatro anos. Mesmo com o passar do tempo, ele não apagou da memória as más recordações. "Duas Kombis pararam perto da igreja, à noite, e um ocupante gritou: corre. Vários garotos ficaram parados e eles atiraram", contou ele, para em seguida trocar de assunto. "Atualmente faço capoeira, jogo bola e sou bem mais feliz".

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