Jogo pesado

Um dos pontos de maior discórdia nas negociações conduzidas pela Organização Mundial do Comércio (OMC), na Rodada Doha de comércio internacional, foi a redução das tarifas de importação de produtos industriais. No recente encontro de Potsdam (Alemanha), Brasil e Índia se recusaram a aceitar a proposta.

As tentativas que se seguiram para salvar a Rodada Doha, especialmente dos Estados Unidos e da União Européia, não evoluíram a ponto de desfazer o impasse criado pelas economias industrializadas mediante a imposição de normas aos países em desenvolvimento, mesmo com a aparente intenção de cortar subsídios rurais, e a abertura de mercado para a produção agrícola dos emergentes.

De acordo com Lia Valls Pereira, coordenadora de projetos do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas, o fracasso das negociações de Doha levou o Brasil a investir mais seriamente na busca de acordos bilaterais ou regionais, prática usada desde 1990.

Apostar na Rodada Doha, tal como está, daria ao Brasil um mínimo de ganhos, ao passo que acordos bilaterais com Estados Unidos e União Européia, na visão de muitos especialistas, seriam muito mais promissores.

Na área agrícola, segundo Lia, um acordo com os Estados Unidos poderia levar à eliminação de tarifas e cotas de importação, embora a OMC seja obrigada a opinar, o mesmo ocorrendo no setor não agrícola. Como se observa, um jogo pesado.

Voltar ao topo