Jogo de cena

É da tradição republicana e, ademais, consta do regimento interno tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal, que ambos os presidentes pertençam às bancadas majoritárias. A indicação dos nomes é feita por meio de consultas à direção partidária e às próprias bancadas. Seguindo a tradição, o PT indicou para presidir a Câmara o deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), e o PMDB decidiu-se por Renan Calheiros (AL) para o Senado.

Ocorre que a bancada petista não está inteiramente de acordo com a indicação de Greenhalgh para suceder João Paulo Cunha, havendo os que identifiquem na candidatura paralela do deputado Virgílio Guimarães (MG) certa reação ao domínio paulista da presidência da Casa.

O confronto trouxe visível inquietação aos dirigentes do PT, postos em xeque pela repercussão do lançamento da candidatura de Virgílio, que até mudança de rota repentina – a pressão é forte nesse sentido – não havia desistido da idéia. Assim, o PT terá um candidato oficial e outro avulso, situação incômoda, entretanto, permitida pelo regimento interno.

O ressentimento da cúpula tornou-se mais intenso, na medida do crescimento da disposição do deputado mineiro de prosseguir afrontando uma decisão partidária, mesmo não se afastando o vezo autoritário da mesma. O presidente Lula revelou a intenção de permanecer eqüidistante do imbróglio, embora como militante tenha admitido que o dever dos deputados petistas é marchar com a candidatura Greenhalgh, acatando a escolha do partido.

No jogo de cena retratado pela mídia política, na falta de assunto melhor, há também as candidaturas avulsas de José Carlos Aleluia (PFL-BA) e Severino Cavalcanti (PP-PE), folclórico representante do chamado baixo clero.

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