Integração com a Região Metropolitana será o grande desafio

Nos últimos quatro anos, a população curitibana saltou de 1,6 milhão para 1,727 milhão – um crescimento de 8% entre 2000 e 2004, de acordo com dados do IBGE. Segundo o presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (IPPUC), Clodualdo Pinheiro Jr., este índice seria preocupante caso a cidade não estivesse se preparando e tomando iniciativas que minimizem o impacto deste crescimento. ?O grande desafio do futuro para Curitiba é a integração com a Região Metropolitana. Precisamos criar mecanismos para auxiliar no desenvolvimento da RMC e achar alternativas para resolver problemas comuns?, explicou.

De acordo com Pinheiro, Curitiba já está conurbada com oito municípios vizinhos. E como esse cinturão que cerca a cidade é pobre, a população das cidades do entorno acabam utilizando os serviços públicos de Curitiba, sobrecarregando o sistema. Para o presidente, este é hoje o nosso problema mais sério. ?Ainda bem que, pela primeira vez, temos um canal de comunicação aberto com o objetivo claro de auxiliar no crescimento dessas cidades, porque, só assim, será possível caminhar para um desenvolvimento comum?, explica Pinheiro.

E os projetos para melhorar esta relação com os vizinhos pipocam. A estratégia é trabalhar em diversas frentes, estabelecendo consórcios. Se a iniciativa de Curitiba der certo, criando uma relação mais solidária com estes vizinhos, com certeza essa experiência será repetida Brasil afora. ?E tudo isso para que possamos enxergar para onde Curitiba ainda pode se desenvolver já que a cidade precisa crescer para algum lugar?, ressalta o presidente.

Mito questionado

Quando questionado se a propaganda forte dos anos 90 – que divulgou Curitiba como cidade modelo – continua atraindo mais gente para a cidade e, com isso, mais problemas, Pinheiro afirma que esta idéia não passa de um mito. ?Isto acontece em todas as cidades que têm boa infra-estrutura. Pessoas de fora são atraídas, sobretudo pela qualidade de vida?, explica.

Também pudera. São mais de 22 milhões de metros quadrados de área verde, com uma média de três árvores por habitante. Fora isso, a cidade conta com uma infra-estrutura de serviços privados eficaz e os três milhões de habitantes dos 25 municípios que compõem a RMC também usufruem dela. Além disso, são 2811 restaurantes, 533 hotéis, 202 cafeterias, 19 shoppings (dados de 2004). ?O nosso trabalho, de ajudar no desenvolvimento econômicos da RMC, é para que essas cidades tenham acesso ao sistema privado de serviços também. A intenção é que eles tenham grandes redes de lojas, shoppings, assim como Curitiba?, afirma Pinheiro.

Antevendo os problemas que podem surgir com o crescimento, a prefeitura está trabalhando em projetos para minimizar seus efeitos negativos. Pinheiro cita o programa de desenvolvimento econômico em torno dos terminais; o fomento ao turismo de negócios e lazer, com o objetivo de dobrar a ocupação da rede hoteleira (que hoje é de 40%); a transformação da região sul da cidade em um centro empresarial, aos moldes do que já foi feito em São Paulo e em Manhattan, nos Estados Unidos, que têm áras específicas dedicadas a um único tipo de atividade comercial.

Outro projeto é do sistema de transporte. Apesar de Curitiba não ter engarrafamentos ou congestionamentos – 15 minutos parados no trânsito configuram isto – já se pensa em alternativas para evitar que o problema atinja a cidade no futuro. ?Vamos implantar melhorias como o eixo metropolitano e os anéis viários, que irão melhorar o trânsito da cidade, desafogando o centro, onde a lentidão é maior?, explica Pinheiro. O primeiro anel binário deve ser concluído até o final deste ano. Nele, será possível cortar os bairros do Batel, Rebouças, Alto da XV, Alto da Glória, Mercês, até chegar no Batel novamente.

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