Instituto de Criminalística analisa agenda com valores de licitações

O Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) encaminhou nesta terça-feira (05) ao Instituto de Criminalística (IC) uma agenda apreendida na Operação Grande Empreitada. A agenda contém anotações de valores pré-determinados de licitações da Comec. Segundo o delegado Sérgio Sirino, responsável pelas investigações, é preciso descobrir quem é o autor das anotações. ?A agenda é mais uma prova de que existiu fraude nas licitações. Agora, só precisamos descobrir quem fez estas anotações?, explicou Sirino.

A agenda contém o valor antecipado das ofertas da concorrência para as licitações da Comec. Segundo o delegado Sirino, estes valores eram gerenciados pela Apeop (Associação Paranaense dos Empresários de Obras Públicas). ?Em uma concorrência pública normal, nenhuma das empresas sabe o valor que é colocado nos envelopes, mas, ao que tudo indica, não foi assim que funcionou no caso investigado. Temos informações de que depois dos valores serem pré-determinados em reuniões dentro da Apeop, era criada inclusive uma estratégia para a entrega dos envelopes com os valores da concorrência, para que não ficasse evidente que foi a associação quem dirigiu a licitação?, esclareceu Sirino.

Segundo o delegado, a agenda é mais uma peça para ajudar nas investigações, porém, as provas mais importantes e que sustentaram as prisões são as interceptações telefônicas e as gravações diretas. ?Todo este material está sendo periciado para que possamos identificar todas as pessoas que falam, além de investigarmos nomes que são citados pelos acusados nestas gravações?, explicou Sirino.

Presidente

Os delegados do Nurce ouvem, na noite desta terça-feira, o depoimento do presidente da Apeop, Emerson Gava, e do vice-presidente, Fernando Geisler. ?Eles são os principais envolvidos no esquema de licitação e este depoimento pode esclarecer diversas dúvidas?, justificou Sirino.

Apresentaram-se na terça-feira no Nurce os empresários Fernando Antonio Cavendish e Alberto Quintaes, Diretores da Delta Engenharia, além do diretor da Cesbe Engenharia, Gilberto Luiz Caviglia. Eles são acusados de envolvimento nas licitações da Comec e tinham mandados de prisão, que não foram cumpridos durante a Operação Grande Empreitada, na terça-feira passada (28). Todos já foram liberados pela justiça na mesma tarde.

Segundo o delegado, o depoimento desses empresários era importante para unir algumas informações levantadas durante a investigação. ?Porém, eles negaram qualquer participação no esquema de licitações. A Delta entrou na concorrência interessada em vencer a licitação da Comec e temos provas de que eles participaram das reuniões da Apeop para definir os valores das licitações?, esclareceu. A polícia ouviu também a secretária da Cesbe.

Comec

Em outubro do ano passado, empreiteiros reuniram-se na sede da Apeop para decidir como iriam ?conduzir? a licitação de onze lotes de serviço para a Comec, para realizar a pavimentação de estradas na região metropolitana de Curitiba. Esta primeira licitação foi frustrada pelos empreiteiros, que apresentaram preços acima do valor proposto pelo governo. Nesta primeira tentativa, existiam onze lotes de serviço.

A Comec então solicitou ao governador outra nova licitação. Nesta, o preço passou de R$ 52.328 milhões para R$ 70.307 milhões. Porém, o governador determinou um desconto de 5,71%, e o valor máximo da licitação passou para R$ 66 milhões. O número de lotes também aumentou de 11 para 16 lotes de serviço. Várias empreiteiras, inclusive algumas que participaram da primeira licitação, venceram o processo, em abril deste ano.

Voltar ao topo