Indústria têxtil enfrenta um dos piores anos da história, diz diretor da Abit

Rio de Janeiro – O diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, disse que 2006 foi um dos anos mais difíceis da história da indústria nacional, por uma série de fatores que tiveram impacto negativo na competitividade brasileira.

Segundo ele, o faturamento do setor neste ano não deve ser diferente dos US$ 32,9 bilhões registrados em 2005. A estimativa da entidade é que os números se mantenham estáveis ou apresentem ligeiro crescimento em relação ao ano passado.

?Se a produção  física tiver queda, qualquer diferença se dará por força de mudanças na correlação cambial. Quer dizer, vai ser um ajuste de cotações", observou. "Na melhor das hipóteses, o setor vai preservar o faturamento, mas por causa do câmbio e não por uma questão da evolução física da produção".

No acumulado de janeiro a outubro, a produção física do setor cresceu 2,19% no segmento têxtil, mas registrou queda de 5,27% no segmento de vestuário.

Em relação ao comércio exterior, Pimentel afirma que a valorização do real frente ao dólar norte-americano prejudicou as exportações do setor, ao contrário de países que concorrem diretamente com o Brasil, como China e Índia, que não valorizaram suas moedas e, conseqüentemente, preservaram a competitividade pelo lado cambial.

"O Brasil nem teve um câmbio competitivo e inteligente nem teve acordos internacionais com os grandes blocos compradores do mundo", disse. ?Pelo lado das exportações, enfrentamos a falta de acordos internacionais e a apreciação fortíssima do câmbio. Pelo lado do mercado interno, continuamos com a economia patinando e com crescimento muito reduzido, o que é um fator restritivo para a expansão do consumo nacional".

Em compensação, o Brasil evoluiu em relação ao preço médio das exportações de vestuário, hoje média de US$ 9 por quilo frente a média de US$ 5,5 no ano passado. Ainda assim, acrescenta Pimentel, o país está distante da média cobrada pelos Estados Unidos e pela Argentina (US$ 15 a US$ 17).

O executivo também afirma que o baixo crescimento da economia afeta particularmente o segmento de  têxteis e confeccionados (chamados de bens de salário), pois quando a economia cresce pouco e algum consumo adicional entra na cesta de compra das famílias, outro deve ser reduzido.

"É isso que tem acontecido no Brasil ao longo dos últimos 10 ou 15 anos: baixo nível de crescimento do Produto Interno Bruto [PIB, a soma de todas as riquezas produzidas no país], baixo crescimento da renda per capita, fazendo com que a economia ande de lado".

Para o executivo, além do mercado interno não estar crescendo de forma expressiva, ele tem sofrido com a concorrência de importados. ?Numa economia com câmbio valorizado e concorrentes com câmbio depreciado, a competição fica desigual?.

Nesse sentido, ele destacou que o país sofre com as importações ilegais, apesar dos avanços para coibir essa prática feitos pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e pela Receita Federal.

Por fim, Pimentel acrescentou que pesam contra a indústria de têxteis e confecção brasileira os altos juros praticados no país e o dobro da carga tributária dos concorrentes mais diretos.

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