Indícios inquietantes

Ainda está longe do fim a novela vivida por Henrique Meirelles, presidente do Banco Central do Brasil, eleito deputado federal pelo Estado de Goiás, embora vivesse há anos nos Estados Unidos, exercendo a presidência do BankBoston.

Na verdade, a indicação de Meirelles para a função foi a maior surpresa reservada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, especialmente aos ideólogos orgânicos do Partido dos Trabalhadores.

Para os demais partidos da base aliada, a escolha de Henrique Meirelles, executivo financeiro com trânsito livre na área internacional, trouxe a tranqüilidade necessária para assoalhar o apoio irrestrito às demais ações do governo. Também o mercado recebeu com aplausos a indicação, por tratar-se de personalidade da mais alta conta nos meios financeiros.

O procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, um dos servidores mais assoberbados da capital federal desde o início do governo Lula, aparenta não se ter deixado impressionar pelo elevado coturno do presidente do BC. Fonteles não quer passar pelo governo como engavetador.

Sendo de seu ofício, encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de investigação de alguns feitos de Meirelles sobre os quais pairam indícios inquietantes. O STF ainda examina a questão suscitada pela disposição do governo de atribuir à pessoa do presidente do BC a condição de ministro de Estado e a garantia de foro privilegiado.

Enquanto isso não ocorre, Meirelles aproveita para reunir-se com advogados a fim de traçar as linhas gerais de sua defesa. Ele é acusado de controlar empresas que teriam cometido a suposta irregularidade de remeter dinheiro sem comprovação para o exterior. Além disso, há interesse em saber como foi eleito deputado federal sem campanha e morando nos Estados Unidos.

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