Imprensa faz campanha contra Petrobras, afirma Gabrielli

O presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, disse nesta terça-feira (21) que a empresa é vítima de uma "campanha orquestrada" por parte de órgãos da imprensa, que divulgaram nos últimos dias denúncias sobre suposto favorecimento de ONGs ligadas ao PT e de empresas que doaram recursos para campanhas petistas. Por duas ocasiões, Gabrielli fez críticas ao trabalho da imprensa e qualificou de "irresponsáveis" as notícias veiculadas.

Gabrielli é mais um integrante do governo a lançar mão de críticas à imprensa. O atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT), Marco Aurélio Garcia, que coordenou a campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou a recomendar que os órgãos de imprensa fizessem uma reflexão sobre o papel cumprido durante a campanha eleitoral. Garcia considerou que o seu partido e o governo foram prejudicados pela cobertura jornalística. O próprio presidente Lula referendou essa postura na semana passada, durante um evento na Venezuela ao lado do presidente Hugo Chávez.

"Liberdade de imprensa é valor fundamental, mas exige responsabilidade nas notícias que são dadas", disse Gabrielli, em entrevista coletiva convocada nesta terça-feira exclusivamente para comentar as denúncias. Segundo ele, foi uma entrevista "não usual", porque trataria do trabalho da imprensa e não de fatos relacionados a negócios da estatal. Dizendo-se revoltado, o executivo constrangeu um dos autores das reportagens, afirmando que o repórter não é bem-vindo na empresa.

As notícias que irritaram o presidente da Petrobras levantam suspeitas sobre doações de recursos da estatal que beneficiaram filiados ao PT, por meio de programas sociais. Além disso, sugerem que a estatal vem repassando recursos a campanhas petistas por meio de empresas com as quais tem contratos. Gabrielli argumentou que a Petrobras tem mais de 70 mil fornecedores e 1.751 projetos sociais em andamento e que não tem gestão sobre interesses político-partidários de fornecedores ou ONGs beneficiadas.

"São 70 mil fornecedores. Selecioná-los por critérios éticos, étnicos, ideológicos, políticos ou quaisquer outros, é possível" afirmou. Mais cedo, em palestra para executivos do mercado financeiro, o presidente da Petrobras já havia tratado do tema: "Pode encontrar empresas que o dono tem 1,20 metro; empresas que o dono não gosta de futebol; empresas que o dono é baiano (…), empresas que o dono doou para o PFL… Vai encontrar de tudo. Pode procurar que acha", ironizou Gabrielli, que é baiano.

O presidente da Petrobras afirmou que a Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), que tem um convênio de R$ 268 milhões com a estatal, não vai receber o dinheiro. "Os recursos serão repassados diretamente para as instituições que vão treinar profissionais", afirmou. A Abemi, que é formada por empreiteiras que, segundo as denúncias, doaram recursos para petistas, foi convocada para organizar os cursos para a qualificação de 70 mil profissionais nos próximos anos, explicou a empresa.

Gabrielli afirmou ainda que os repasses para ONGs beneficiadas pelos programas sociais são feitos com base em uma série de análises técnicas, que consideram, entre outras coisas, o mérito dos programas, a integração com outros projetos apoiados e a capacidade de gestão dos proponentes. "Não pedimos, em nenhum momento, filiação partidária ou coloração político-ideológica. Mas é evidente que, se vocês forem procurar quem é quem, vão encontrar diversas ilações".

Voltar ao topo