Greve dos fiscais agropecuários tem adesão de 95%, diz associação

São Paulo ? A greve dos fiscais federais agropecuários, iniciada na segunda-feira (7), já tem a adesão de 95% da categoria, segundo balanço da Associação Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa). Em todo o país há 2.700 fiscais agropecuários, responsáveis pela emissão de atestado fitossanitário para a exportação dos produtos agrícolas.

A categoria reivindica a realização de concurso para a contratação de novos fiscais, equiparação dos ganhos dos funcionários inativos a ativos, revisão da regulamentação da Lei Agrícola 9.712/98, que define as ações do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, reestruturação da tabela de remuneração da categoria e a criação da escola de fiscais agropecuários para o treinamento e a reciclagem dos funcionários.

De acordo com um dos integrantes da comissão de negociação da Anffa, Vaner Nunes, a negociação entre os fiscais agropecuários e o governo federal se arrasta desde outubro do ano passado. "Havia um acordo para o acerto das reivindicações, mas o governo não atendeu. Nossa pauta de reivindicações ficou no Ministério da Agricultura até julho deste ano e desde março nós temos avisado sobre a possibilidade da greve", disse.

Segundo Nunes, a paralisação deve durar uma semana, mas hoje a Anffa deve se reunir para reavaliar a greve e decidir se o protesto continua a partir da próxima semana. "Há fortes indícios de que a greve continue porque até agora o governo não atendeu nossas reivindicações."

Nunes afirmou que a Anffa tem participado de reuniões com o Ministério da Agricultura, mas que não houve uma proposta concreta aos fiscais. "Nosso objetivo não é atingir os produtores e exportadores, mas obter do governo uma resposta adequada às nossas necessidades. Esses segmentos acabam sofrendo as conseqüências", contou.

O Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) divulgou nota ontem, pedindo ao governo uma solução imediata para a greve, que já estaria trazendo prejuízos para o setor. Segundo a nota, a greve prejudicará os esforços realizados pelo Ibraf e pela Apex-Brasil (Agência de Promoção de Exportação e Investimentos, ligada a ministério do Desenvolvimento e Comércio Exterior) para promover a fruta no exterior acabam desperdiçados.

O Ibraf calcula que a continuidade da greve pode impedir a exportação em novembro de cerca de 100 mil toneladas de frutas, no valor de US$ 60 milhões. Segundo o gerente de exportações da entidade, Maurício de Sá Ferraz, cada semana parada significa 25 mil toneladas não exportadas e os pequenos produtores são os que mais sofrem com o prejuízo.

"Os pequenos produtores correspondem a 80% do setor e vivem exclusivamente da fruticultura. Eles não podem perder uma safra inteira na espera da liberação dos embarques", explicou Ferraz.

Além disso, Ferraz afirmou que grande parte dos importadores procura outros mercados para abastecer seu país, o que destrói os esforços feitos desde 1998 para promover o mercado fruticultor brasileiro.

Voltar ao topo