Governança partilhada

As intenções não podiam ser melhores e, para dizer o mínimo, revelam a verdadeira motivação do grupo de empresários e empreendedores que organizou e mantém em funcionamento o Fórum Social Mundial (FSM), que acabou de fechar a sexta edição em Caracas.

Um deles, o empresário brasileiro Oded Grajew, assessor especial de Luiz Inácio Lula da Silva no início do governo, presidente do Instituto Ethos de Responsabilidade Social, no balanço das atividades realizadas na capital venezuelana, enfatizou que um evento desse porte tem toda a condição de oferecer alternativas de governança para instituições internacionais.

Dentre esses organismos, Grajew enumerou o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas, a seu juízo, necessitadas de profundas reformas em seus modos de atuação.

Em resumo, Grajew propõe que esses organismos sejam transformados em agências voltadas especificamente para projetos de desenvolvimento sustentável, que tenham no ser humano o foco essencial.

Lembrou que a ONU, como todos sabem, é dominada por cinco países e nada acontece de relevante sem que esses governos imponham decisões unilaterais. Contudo, num ambiente internacional complexo e de problemas difusos como o atual, é um atentado à lógica manter estruturas impenetráveis de governança.

Nesse contexto, segundo a visão do empresário, é que realizações como o Fórum Social Mundial teriam papel destacado a cumprir como formuladores de alternativas aos organismos multilaterais, sobretudo no acompanhamento das políticas públicas de desenvolvimento social.

Exemplo concreto da nova disposição é o 2.º Fórum Social Brasileiro a ser realizado em Recife, no mês de abril, cuja linha orientadora será a análise das relações do governo com os movimentos sociais organizados ou não.

O governo não gosta de críticas, assinala Grajew, mas não pode ignorar um direito adquirido pela cidadania, acima de tudo quando se tem em vista o amadurecimento de atitudes tanto do governo quanto da sociedade civil.

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