Governador do Paraná reafirma acusações contra família Richa

Acusado de calúnia, injúria e difamação pela publicitária Cila Schulmann, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), reafirmou nesta segunda-feira (26) em audiência na 16ª. Vara Cível de Curitiba ter ouvido do empresário Darci Fantin, proprietário da DM Construtora, que R$ 10 milhões que o empresário teria recebido por supostos trabalhos de terraplenagem na estrada entre Curitiba e Garuva foram destinados a "pagar serviços de campanha e marketing do Beto Richa (prefeito de Curitiba pelo PSDB)" nas eleições de 2002, quando o prefeito era candidato.

Segundo Requião, o empresário disse que o dinheiro foi entregue a Cila Schulmann, que era coordenadora da campanha. "Cila teria recebido pelos serviços prestados ou teria equalizado dívidas de campanha", afirmou Requião ao juiz. Depois da audiência, a publicitária, que voltou a negar ter recebido esses valores, disse apenas que espera que "a verdade seja restabelecida".

O juiz Marcos Vinícius da Rocha Loures Demchuk determinou que o empresário seja intimado para prestar depoimento no dia 19 de abril. Como não perde oportunidade de fazer seus comentários, Requião disse: "Vai ser difícil, porque ele me telefonou e disse: Requião, vou desmentir e fugir para o Mato Grosso para não falar mais nisso." Além de Fantin, também foram convocados o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, e o chefe do cerimonial do governo, Jacir Bergmann II. De acordo com Requião, a eles o empresário também contou a mesma versão.

No último dia 13, irritado por um oficial de Justiça esperá-lo na entrada de um auditório, antes de um encontro com os secretários, para intimá-lo da audiência desta segunda-feira (26), Requião repetiu a história que havia contado em 2003 e que levou a publicitária a entrar com ação cível e criminal. Mas acrescentou que Fantin lhe disse que o dinheiro foi liberado pelo irmão do prefeito de Curitiba, José Richa Filho, que era diretor do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), e que se destinava à campanha de Beto. Em nota, o prefeito chamou o governador de "covarde".

Fantin também distribuiu uma nota em que nega ter conversado com Requião, colocando o sigilo da conta da empresa à disposição para analisar que os R$ 10 milhões entraram "legalmente" nos cofres por serviços prestados. Requião alega que esses valores já tinham sido pagos anteriormente. Mas o empresário teria entrado na Justiça para receber valores adicionais que julgava ter direito. Segundo o governador, o cheque com os valores reclamados pelo empresário foi emitido duas horas antes do encerramento do governo anterior ao seu. "Se tivesse sido reconhecido o direito, que sei que não existe, teria seguido a lista dos precatórios", disse à Justiça.

Requião afirmou não ter arrolado anteriormente seus secretários para depor, "porque não dava importância a essa ação, mesmo porque a ação criminal sobre o mesmo tema tinha sido arquivada no Superior Tribunal de Justiça". O advogado de Cila, Luiz Fernando Pereira, disse que não houve arquivamento, mas se discute a questão de prazo, visto que o STJ entendera que a ação era afeta à Lei de Imprensa.

Enquanto aguardava para assinar o termo, Requião ficou conversando com a publicitária, sentada à sua frente, em voz alta. "Nunca acreditei nos 10 milhões, mas narrei o que o Darci me disse", afirmou. "Eu não sou inimigo da Cila, muito pelo contrário." Para o advogado da publicitária, Requião repetiu, na audiência, as calúnias. "Agora o fato é incontroverso e sobre ele ninguém mais pode discutir", acentuou. "Por isso, reafirmo a necessidade de condenação.

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