Gênio incompreendido

Tanto falou e disse o procurador Luiz Henrique Bonaturra, numa algaravia motivada por razões ainda não suficientemente explicadas à sociedade, aí incluído o longo, vazio e pedante depoimento prestado por convocação da Assembléia Legislativa, que o procurador-geral do Estado, Sérgio Botto de Lacerda, tomou a decisão de instaurar processo administrativo para apurar o procedimento ético do citado servidor.

Não poderia ser outra a atitude do procurador-geral face ao destempero verbal de um componente do seleto grupo de advogados a serviço do Estado, levantando suspeitas sobre ações irregulares do governo e omissão da procuradoria geral.

Botto de Lacerda referiu-se à abertura do processo contra Bonaturra na Assembléia Legislativa, mesmo local usado há duas semanas pelo procurador para lançar seus torpedos verbais na direção do Palácio Iguaçu.

O expediente anunciado pelo procurador-geral é rotineiro no âmbito do funcionalismo público e inteiramente familiar à rotina dos procuradores. Uma comissão será formada para ouvir o nobre colega, que, segundo o testemunho de Lacerda aos deputados, anotado ontem pela jornalista Elizabete Castro, ?se considera um gênio entre os demais procuradores?.

O procurador-geral, de certa forma, adiantou o relatório final do processo administrativo ao sustentar perante os deputados que Luiz Henrique Bonaturra perdeu-se em insinuações precipitadas, levianas e sem fundamento, esclarecendo que as ações enquadradas pelo crivo inquisitorial do procurador não ferem a legislação vigente.

Bonaturra fez carreira rápida e ascendente desde os tempos de estudante universitário em Curitiba. Orador inflamado, em passado recente, cintilou na brigada requianista do PMDB velho de guerra. Por que teria mudado?

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