‘Furacão’ faz secretário do Rio pôr cargo à disposição

O secretário de Estado da Habitação, Noel de Carvalho, colocou o cargo à disposição do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB), depois que um assessor foi acusado de receber dinheiro do bicho durante a campanha eleitoral. Segundo gravações da Polícia Federal (PF), o assessor de Carvalho receberia um "negócio" do contraventor e dono de bingo Júlio Guimarães Sobreira, sobrinho do bicheiro Aílton Guimarães Jorge, o Capitão Guimarães. Sobreira e Guimarães, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba do Rio (Liesa), são dois dos 25 presos na Operação Hurricane.

Em um dos diálogos "grampeados" pela PF, o policial Marco Antônio dos Santos Bretas, o Marcão, também preso, supostamente marca encontro com um assessor de Carvalho identificado como Sérgio, na entrada da Assembléia Legislativa, para "entregar aquele negócio que o Júlio Guimarães mandou". Na conversa, Sérgio diz que vai telefonar para o deputado e retornar para Marcão quando tiver uma posição. O assessor, que estava em uma delegacia na Gávea, zona sul da cidade, termina a conversa dizendo que vai encontrar o policial na Assembléia Legislativa (Alerj), no centro.

Dois Sérgios trabalharam na campanha de Carvalho: Sérgio Iório e Sérgio Lopes, que morreu no ano passado. O secretário afirmou ontem que "vai ser uma surpresa muito triste" eventualmente descobrir que um dos dois recebeu dinheiro do bicho. Carvalho disse que procurou o secretário de Estado de Governo, Wilson Carlos Carvalho, e colocou o cargo à disposição do governador "para isso não respingar em ninguém".

Afastamento

O presidente da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Jorge Picciani (PMDB), afastou de seu gabinete o inspetor da Polícia Civil Miguel Laíno, que foi acusado pela PF de receber pagamentos mensais da máfia dos bingos. Ele aparece em uma lista com nomes de policiais suspeitos de envolvimento com o suposto esquema coordenado por Sobreira e Capitão Guimarães. Ontem, a assessoria de Picciani informara que Laíno trabalhava como segurança no gabinete e seria mantido no cargo enquanto não houvesse prova contra ele. Nesta sexta-feira (20), por meio de nota, informou que o servidor foi "devolvido ao seu órgão de origem, a Secretaria Estadual de Segurança Pública".

Segundo as gravações da PF, as campanhas de pelo menos mais quatro candidatos eleitos à Assembléia Legislativa teriam sido financiadas por bicheiros: Álvaro Lins (PMDB), ex-chefe de Polícia no governo de Rosinha Garotinho, Domingos Brazão (PMDB); Marcos Abrahão (PSL); João Pedro Figueira (DEM). Outros supostamente envolvidos também teriam recebido recursos mas não se elegeram: Alice Tamborindeguy (PSDB), Iranildo Campos (PP) e o pastor Paulo Tarso.

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