Funcionários do do diretório nacional do PT fazem greve

O PT enfrenta a primeira greve. Os 87 funcionários do diretório nacional decidiram cruzar os braços em protesto contra o atraso no pagamento dos salários. Os atrasos não são novidade, mas o clima piorou muito depois que 37 trabalhadores foram demitidos, em novembro. O acerto das rescisões e encargos trabalhistas pesou no combalido orçamento petista e os vencimentos, que deveriam ter sido quitados ontem (30), ficaram em suspenso.

Em assembléia feita hoje, em greve, os funcionários rejeitaram os argumentos do secretário de Finanças e Planejamento do PT, Paulo Ferreira. Amanhã, prometeu, serão pagos os salários até R$ 1.500,00. Para quem recebe acima disso, o prazo vai até quarta-feira (07). Isso inclui os dirigentes, que recebem em média R$ 7 mil.

"Não estamos na ilegalidade. Tradicionalmente, pagamos no dia 30, mas os salários podem ser pagos até o quinto dia útil do mês", disse Ferreira. "Queremos resolver isso o mais rápido possível." Um partido, sustenta o tesoureiro, não pode ser comparado a outras instituições, "que não contêm o vínculo ideológico". Por isso, ele considera a greve "precipitada".

Enxugamento – Desde o início da pior crise dos 25 anos, com dívida de R$ 60 milhões, o PT enxugou a folha de pagamento de R$ 650 mil para R$ 320 mil. Trabalhavam lá, em maio, 145 funcionários. Entre as demissões e os que saíram por conta própria, o quadro caiu para 87 pessoas. "Enfrentamos uma dificuldade muito grande para honrar os compromissos", lamentou Ferreira.

Hoje, a maior faca no pescoço do PT é o repasse à Fundação Perseu Abramo, que precisa receber pelo menos R$ 1,5 milhão até o fim do ano. Por lei, a fundação deve receber 20% do total repassado do Fundo Partidário, mas esse dinheiro foi represado ao longo do ano para quitar outros compromissos "inadiáveis". Agora, se não acertar a diferença, o partido corre sério risco de ter a prestação de contas deste ano rejeitada. Dessa forma, perderia a verba do fundo, responsável por cerca de metade do orçamento.

As dificuldades do PT, no entanto, não param por aí. Há várias ações correndo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pedindo até a cassação do registro do partido.

Apesar da greve, a Executiva Nacional do PT reúne-se amanhã na sede do partido. Deve emitir uma nota sobre a conjuntura política, no rastro da cassação do mandato do ex-deputado José Dirceu (PT-SP) e do recuo no Produto Interno Bruto (PIB).

Representantes da esquerda querem aprovar uma resolução crítica sobre a política econômica, mas membros do antigo Campo Majoritário deverão barrar a proposta.

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