Funcionário da Abin confirma que agência cederá informações a CPI dos Correios

O analista de informações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Edgard Lange comunicou hoje aos deputados e senadores da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga denúncias de corrupção nos Correios que o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, general Jorge Félix, colocará à disposição da comissão todos os documentos produzidos pela Abin sobre denúncias de corrupção na estatal. No depoimento, que começou às 15h20, Lange solicitou aos parlamentares que tornassem a sessão reservada quando os assuntos a serem tratados tivessem caráter sigiloso.

Ele disse aos parlamentares ter recebido uma determinação da chefia de departamento em que serve na Abin para que apurasse possíveis casos de corrupção nos Correios. A motivação desse pedido, segundo Lange, feito em 5 de abril, seria uma denúncia anônima enviada ao gabinete da diretora geral da Abin.

A partir daí, o agente disse ter preparado um "plano de operações", que foi aprovado pela diretoria geral. Ele contou ter recolhido "o maior número de dados possível", todos de domínio público, como contratos e respectivos valores. O agente da Abin informou à CPMI que essa coleta de material teria sido feita uma semana antes da divulgação da reportagem da revista Veja sobre o suposto esquema de corrupção nos Correios (no fim de semana de 15 e 16 de maio).

Além dos dados de domínio público, a equipe comandada por Edgard Lange utilizou "fontes" para apurar as denúncias, segundo o agente. De acordo com ele, "existiam pessoas que poderiam nos fornecer dados. Há muitas (fontes) porque o conflito no órgão é grande".

Edgard Lange disse que, no dia 13 de maio, uma "fonte" lhe contou que "um semanário" iria publicar uma reportagem sobre corrupção nos Correios. Em nenhum momento, essa fonte teria lhe dito que haveria uma fita de vídeo com a gravação de conversas com o ex-chefe de departamento Maurício Marinho.

No dia 16 de maio, ainda segundo o agente, ele recebeu a cópia da fita de vídeo que teria sido encaminhada pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) ao ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional com a solicitação de que apurasse o autor daquela gravação. Edgard Lange disse que, no dia 17 de maio, recebeu a ordem da diretoria geral para que suspendesse as apurações sobre as denúncias de corrupção nos Correios. Essa determinação, segundo ele, partiu do ministro Jorge Félix.

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