Fronteira volta à normalidade

Acabou o "paro cívico" na Bolívia. O último reduto de resistência contra a expulsão da siderúrgica brasileira EBX do país desapareceu das ruas de Puerto Suárez, que ficou isolada durante a quarta-feira, quinta-feira e sexta-feira da semana passada. Ontem o local amanheceu silencioso, com crianças brincando, motoristas brasileiros chegando para abastecer seus carros com gasolina 50% mais barata que no Brasil e as mulheres formando filas, aguardando condução para comprar alimentos em Corumbá, cidade vizinha do lado brasileiro, em Mato Grosso do Sul.

O "paro cívico" foi um movimento criado pelos trabalhadores dispensados pela siderúrgica expulsa da Bolívia pelo presidente Evo Morales. Ficou conhecido nacional e internacionalmente depois de 28 de abril, quando manifestantes conseguiram fazer reféns três ministros bolivianos, que foram à sede do Comitê Cívico de German Busch anunciar aos operários a expulsão da EBX. Onze horas depois, o exército libertou os reféns.

Os manifestantes, inconformados, rumaram para a chamada Ponte de Amizade, que passa sobre um canal de esgoto a céu aberto, separando German Busch, de Corumbá. Fecharam a fronteira, até o dia 3, quando grupos de comerciantes, descontentes com o bloqueio que prejudicava os negócios, conseguiram expulsá-los e liberar o tráfego entre as duas cidades.

Na ocasião, houve truculência com alguns feridos leves. Mas a polícia boliviana registrou a ocorrência de disparos de armas de fogo, cacetadas, pedradas e chutes. Com a Ponte da Amizade liberada e vigiada por ativistas contrários ao "paro cívico", os grupos liderados por operários partiram para Puerto Suárez, vizinha de Puerto Quijarro, onde está instalada a zona franca da Bolívia. Poucos obstáculos nas ruas de Puerto Suárez e muitas agressões para quem furasse o bloqueio garantiram três dias de isolamento da cidade.

Na sexta-feira à noite, prefeitos de San José de Chiquitos, Puerto Suárez, Puerto Quijarro e El Carmen Riveiro Torrez conseguiram suspender o movimento. Ficou combinado que os municípios da província de German Busch vão negociar com o governo ações para a criação de empregos para os moradores da região.

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