Fraga diz que Brasil deixará de ser considerado como de risco

O presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse hoje que o Brasil pode deixar de ser considerado de alto risco e passar a ser classificado no grupo dos países onde o investimento é recomendado, o chamado ?investment grade?, ou grau de investimento. ?Este é o meu sincero desejo, esperança e também minha convicção?, afirmou.

Para Fraga, ?só depende do Brasil? conseguir passar para esse grau de investimento. ?O que vejo aqui no Brasil são condições efetivas para que possamos dar esse salto?, disse. Em seguida, Fraga afirmou que ?as eleições deram uma sinalização efetiva de que a população quer mudança e quer mudança evidentemente para melhor?.

Segundo o presidente do BC, ?momentos de transição política são extremamente importantes?. Ele citou países como México e Chile para dizer que ?em algum momento, alguma coisa mais forte surge e se consegue um grau de coesão e tira o País desse marasmo de ser um país de alto risco?. De acordo com ele, há consenso sobre o que precisa ser feito no Brasil.

Fraga afirmou que a aprovação pelo Congresso Nacional de propostas de mudanças na legislação que, segundo ele, ?já estão prontinhas?, causariam uma redução expressiva dos juros cobrados do Brasil sob pretexto do elevado risco de investir no País ou em empresas brasileiras.

Fraga citou os projetos sobre a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e do PIS, em relação ao sistema tributário; a mudança no artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro; e o projeto de lei número 9, que introduz a contribuição definida para a previdência dos funcionários públicos. ?As reformas da Previdência e tributária já estão lá, estão prontinhas assim como o artigo 192?, disse, no seminário ?Reavaliação do Risco Brasil?, na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

A aprovação desses projetos ?seria um sinal extraordinário e valeria algumas centenas de bases points (pontos básicos a serem reduzidos das taxas de juros cobradas do Brasil)?, afirmou o presidente do BC. Cada centena de pontos básicos equivale a 1% de juros.

Ele se queixou do ?clima das eleições, de que está tudo errado?, afirmando que ?tem uma base aí bem razoável para se trabalhar em cima?. Para ele, ?o problema está mais na perseverança? e não se deve ?começar na estaca zero e recomeçar tudo?.

Fraga disse, em relação à redução das taxas de juros ligadas ao risco país nas últimas semanas, que ?1.700 pontos de spread (diferença entre a taxa de juros paga pelo Tesouro dos Estados Unidos e a paga pelo Brasil) no Brasil é um spread inaceitável, mas de qualquer maneira é bem melhor que 2.300 (nível em que já esteve recentemente?. Para ele, esse nível de spread, equivalente a 17%, é o de países que podem quebrar, mas o Brasil não tem características de países que quebraram como crise bancária ou câmbio fixo.

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