Falta proposta consistente para tirar Varig da crise, diz ministro da Defesa

Brasília – O ministro da Defesa, Waldir Pires, disse hoje (19) que só haverá solução para a crise financeira da Varig quando aparecer uma proposta empresarial "consistente e séria". O ministro criticou, pela primeira vez, a oferta de compra da companhia aérea pela VarigLog, controlada pela empresa Volo. "Há questões dessa proposta que estão sem clareza de serem viabilizadas, na medida em que não assumem as responsabilidades totais sobre os passivos", afirmou o ministro, após participar da cerimônia de comemoração do Dia do Exército, no Quartel General em Brasília.

Pires se referiu ao fato de que, pela proposta, seria comprada a parte operacional da Varig, por US$ 400 milhões, deixando o passivo, calculado entre R$ 7 bilhões e R$ 10 bilhões, fora da negociação. O ministro, que assumiu há menos de um mês a pasta da Defesa, à qual se subordina a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ressaltou que não houve até agora um posicionamento concreto da empresa interessada sobre o que acontecerá com esse passivo. "E isso não está na alçada legal do governo resolver", afirmou.

Ele tentou, no entanto, manter um discurso otimista quanto ao destino da empresa aérea, afirmando que a Varig tem um patrimônio importante e conta com a ajuda da supervisão da Poder Judiciário na sua tentativa de recuperação. "Mas, alguma coisa séria, que tenha consistência e que mereça confiança, ainda não apareceu", reiterou.

Pires afirmou ainda que o governo acompanha de perto o assunto porque tem o dever de garantir os slots (espaços nos aeroportos para pousos e decolagens) do País em todos os aeroportos do mundo onde a Varig opera. "Isso é patrimônio da empresa e também do País."

Ele fez ainda restrições à proposta feita pela Varig aos credores estatais para obter um prazo para não pagar suas dívidas e nem recolher as tarifas devidas, como as aeroportuárias à Infraero e o custo do combustível à BR Distribuidora. Ele alertou que isso tem que ser visto com muito cuidado porque pode trazer problemas para os dirigentes das estatais. "Se elas (as empresas) não executarem seu trabalho de cobrança, ficarão os seus diretores suscetíveis de irem para a cadeia, serem apontados como prevaricadores e de não cumprirem o seu dever", afirmou.

Além disso, acrescentou, outras companhias aéreas poderiam cobrar tratamento semelhante. O vice-presidente da República, José Alencar, que antecedeu Pires no Ministério da Defesa e sempre foi entusiasta da idéia de uma ajuda oficial à companhia, defendeu a decisão tomada hoje pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de indeferir a transferência de ações da VarigLog para a empresa Volo.

Para Alencar, a Anac não impediu em definitivo a operação. "O que ocorre é que as coisas têm que ser feitas de acordo com a lei", afirmou. "Então, a agência tem que ser comunicada oficialmente se há um candidato (a comprar a Varig), e esta proposta tem que ser clara, porque a agência precisa saber quem vai assumir o controle da companhia", completou.

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