Falta de informações dificulta estudos sobre a violência

São Paulo – A criação do Sistema Nacional de Armas do país em 1997 permitirá realizar estudos mais claros sobre o impacto das armas na violência social no país. Um exemplo das dificuldades representadas pela falta de informações foi sentido pela equipe do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) que fez o estudo Violência Por Armas de Fogo no Brasil.

A coordenadora do trabalho, Maria Fernanda Tourinho Peres, disse que o grupo tentou cruzar as informações coletadas sobre a existência de armas legais e ilegais para comprovar se o aumento da taxa de mortalidade por armas de fogo poderia estar associado a um maior acesso da população a essas armas. "Como a base de dados era muito frágil, inviabilizou nosso trabalho de comprovar essa hipótese, que foi uma entre outras relacionadas aos problemas gerados pela desigualdade social".

Ela observou que uma das principais conclusões desse trabalho foi a constatação de um número elevado de mortes por armas de fogo, na década de 1990. Foram 265.975, com uma média de 26 mil mortes por ano. Deste total, 82% são casos de homicídios. No relatório de 193 páginas da equipe, há citações de várias coletas sobre a quantidade de armas como, por exemplo, a que estimou a existência de 7 milhões de armas legais em circulação no país, número calculado a partir das vendas realizadas pela fabricante de armas Taurus Corporation, no período de 1997 e 1998.

A maior quantidade de armas legais por estado, 1.455.960, estaria em São Paulo e o menor lote, de 562 armas, no Acre. Ao consultar estudos da organização não-governamental (ONG) Viva Rio, esses pesquisadores detectaram a existência de 700 mil armas no Rio de Janeiro, entre legais e o total apreendido pela polícia. De acordo com esses estudos, do total de armas apreendidas pela polícia, entre legais e ilegais, 77% eram fabricadas no Brasil. Dentro do cadastro de armas legais da polícia do Rio de Janeiro, 82% eram fabricadas no país.

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