Falta de critério

A operação Satiagraha, da Polícia Federal (PF), foi o grande assunto desta semana seja nas páginas políticas, econômicas ou policiais, devido a amplitude da ação e pelas pessoas presas. Principalmente por causa da detenção do banqueiro e economista Daniel Dantas, do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e do investidor Naji Nahas.

Após a rápida movimentação da PF, quem também agiu com brevidade foi o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. Primeiro, decretou a libertação de Dantas, e mais tarde as de Pitta e Nahas, afirmando que eles não precisariam ficar detidos, pois não seriam ameaças à sociedade nem tentariam atrapalhar as investigações.

Rapidamente, a Justiça de São Paulo decretou a prisão preventiva de Daniel Dantas (antes, todos tinham sido presos provisoriamente), e tentará fazer o mesmo com Naji Nahas e Celso Pitta, e com todos os envolvidos no desvio de verbas públicas e nos desdobramentos do mensalão. Mas Dantas passou só uma noite na cadeia, pois Mendes novamente o soltou na tarde de ontem.

E a ação do STF durante a semana foi duramente criticada por advogados, juristas, políticos e causou espanto na sociedade civil. Tudo porque foi muito rápida, e beneficiou um banqueiro no caso de Dantas, ainda há o agravante de ele ser bem relacionado com os três poderes (e com o chamado ?quarto poder?, a imprensa).

Enquanto isto, estão presos e esperando uma deliberação semelhante mais de duzentas mil pessoas. Que podem ser inocentes ou culpadas dos crimes tal como Daniel Dantas, que ainda não pode ser chamado de nada antes do final de todo o processo. Mas ele, economista e dono de banco, saiu da cadeia um dia depois de ser preso, enquanto metade dos detentos do País aguardam pela mesma decisão da Justiça.

Durante a semana, parecia que a Justiça e a Polícia Federal tomavam uma direção clara a de não poupar ninguém de investigações e prisões, seja do nível social que for. Termina a semana e ficamos surpreendidos (ou não?) ao ver que nem tudo mudou. Ainda.

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