Estudos revelam que jovens matam e morrem mais

São eles que matam mais e morrem mais. Dos homicídios de autoria conhecida, mais de três quartos são do sexo masculino e quase a metade é cometida por jovens de até 25 anos, como os que levaram o menino João Hélio Fernandes à morte no Rio. A conclusão é do estudo Balas Perdidas, da Agência de Notícias dos Direitos da Infância. As chances de ser assassinado entre 14 e 25 anos é três vezes maior que em outras faixas etárias. Em números absolutos, morrem mais jovens assassinados que em acidentes de trânsito, segundo o estudo da Unesco Mapa da Violência 4.

Como proteger os filhos dessa escalada de violência e como evitar que se transformem em criminosos é uma pergunta que atormenta pais e educadores. Para o antropólogo da Universidade Federal do Rio de Janeiro Gilberto Velho, a aparente frieza dos cinco rapazes que participaram do assalto que culminou com a morte de João Hélio são sinais de que a cultura da violência está se transformando na "cultura do mal", em que a crueldade e a ausência de arrependimento fazem parte da personalidade de criminosos cada vez mais jovens.

Para o chefe do setor de Psiquiatria Infantil da Santa Casa da Misericórdia, Fabio Barbinato, pais e professores devem estar atentos a comportamentos inadequados desde a pré-escola. "É mais fácil controlar uma criança de 5 anos que um adolescente rebelde." Estudos indicam que a agressividade está ligada a disfunções neurobiológicas no córtex pré-frontal. Essa região do cérebro, atrás da testa, é a última a ser formada e a ela é atribuído o controle das emoções, o bom senso. "Uma má-formação ou lesão nessa área pode causar alterações comportamentais que levam a praticar crimes com requintes de crueldade e sem remorsos.

A educadora Tania Zagury, autora de 13 livros de educação, entre eles o best-seller "Quem Ama, Educa", não acredita na recuperação dos acusados pela morte do menino. "Dificilmente eles voltarão a ser anjinhos, perderam a inocência. Depois de uma barbaridade dessas, é difícil recuperar a humanidade.

Voltar ao topo