“Estou tranqüilo”, diz Meirelles

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, procurou hoje (6) aparentar calma diante da iminência de o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizar uma investigação sobre sua vida financeira e fiscal. "Estou sempre sereno e tranqüilo", disse, ao sair de uma audiência com o ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

Normalmente econômico em palavras para a imprensa na portaria do ministério, Meirelles concordou em conversar com os repórteres. Tinha ao seu lado o assessor de imprensa de Palocci, Marcelo Netto. Sempre sorridente, Meirelles ouviu uma série de perguntas, mas pouco respondeu. Disse que não lhe cabia comentar decisões do STF. Também não quis comentar a possibilidade de o STF dar prosseguimento ao pedido de investigação do Ministério Público Federal contra ele por suspeitas de evasão de divisas, sonegação fiscal e crime eleitoral. "Não cabe comentário sobre este assunto no momento."

O presidente do BC disse que reuniu-se com Palocci para tratar da sua participação no encontro bimestral de presidentes de bancos centrais promovido pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS), em Basiléia, na Suíça. O encontro ocorrerá nos dias 8 e 9 de maio e Meirelles foi autorizado a ficar fora do País entre os dias 7 e 11, conforme publicado hoje no Diário Oficial da União. "Estive reunido com o ministro Palocci preparando o relatório que vou apresentar na Basiléia sobre a economia brasileira, sobre os progressos que estamos tendo no Brasil, e isto é que é importante. É no que estou focado agora", afirmou.

Meirelles não quis comentar sobre a retração da atividade industrial. Ele afirmou que "a preocupação do governo é com o balanço do quadro, que está indo muito bem". O presidente do BC também não quis responder se a instituição voltaria comprar dólares para conter a valorização do real. "O Banco Central não comenta sobre câmbio", afirmou.

No início da próxima semana, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, deverá autorizar abertura de investigação contra Meirelles, atendendo a pedido do procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. Essa medida só foi possível depois que o STF decidiu, ontem, pela constitucionalidade da legislação que deu ao presidente do Banco Central o status de ministro.

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