Empresário do Paraná nega propinas à Infraero

O sócio da empresa Aeromídia Publicidades, de Curitiba, Carlos Alberto de Carvalho negou nesta segunda-feira (16), por meio da advogada Luciana Reis, qualquer pagamento de propina a funcionários da Empresa Brasileira de Infra-estrutura Aeroportuária (Infraero), como havia afirmado no fim de semana uma ex-procuradora da empresa, Silvia Pfeiffer, em reportagem da revista IstoÉ. Pela manhã, o superintendente da Polícia Federal, Jaber Saadi, negou qualquer procedimento investigatório. "Por enquanto não temos nada", acentuou. "A hora em que chegar alguma comunicação sobre a Infraero nós iremos apurar, iremos instaurar inquérito, estamos aguardando que venha algum material oficial." Ele disse que seu conhecimento era por meio da imprensa.

Pfeiffer não foi encontrada hoje. Em sua casa, no Bairro Pilarzinho, a empregada disse que era seu primeiro dia de trabalho e que não sabia onde estava a patroa. "Parece que ela está viajando", afirmou. Pfeiffer, que se intitulou sócia da Aeromídia, revelou que conseguiu contratos para publicidade no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, pagando mesada a diretores. Nesta segunda-feira, a Infraero informou que o superintendente regional, Antonio Felipe Barcelos Silva, um dos citados como beneficiário de propinas, somente vai se pronunciar quando houver denúncia formal.

À revista, ela disse que foi procurada pelo ex-secretário de Urbanismo e Finanças da prefeitura de Curitiba, Carlos Alberto de Carvalho, para facilitar na obtenção de alvarás para veicular anúncios no aeroporto. Em troca, o secretário teria pedido para se tornar sócio da Aeromídia. A partir daí, a Aeromídia teria passado a emitir notas frias e fechar contratos irregulares, passando posteriormente a sediar reuniões da campanha do ex-prefeito Cassio Taniguchi, e arrecadou R$ 20 milhões para um suposto caixa 2.

Segundo a advogada, Carvalho entrou como sócio da Aeromídia, que era de filhas de Pfeiffer, em 2001, depois que um amigo comum o apresentou à mulher. Ela tinha carta como procuradora da empresa mas estaria fora desde 2004. No ano passado, apenas uma filha constava como sócia, mas, segundo a advogada, em razão de problemas criados pela mãe, que fez dívidas utilizando o nome da empresa e não pagou, Carvalho resolveu comprar os 15% dela. Como houve resistência na venda, ele entrou na Justiça e conseguiu, em meados do ano, liminar de exclusão como sócia. A ação ainda não foi julgada. "Isso tudo é uma discussão de dissolução de sociedade", qualificou a advogada. Ela acusou Pfeiffer de estar respondendo a ações por estelionato, falsidade ideológica e uso de documentos falsos.

De acordo com ela, não tem sentido as acusações de que o então secretário se ofereceu para facilitar a veiculação das publicidades, porque o aeroporto é área da União. "E, mesmo que fosse municipal, seria competência do município de São José dos Pinhais, e não de Curitiba", salientou.

Sobre a campanha eleitoral, a advogada argumentou que Carvalho entrou somente em 2001 como sócio, enquanto a eleição de Taniguchi foi em 2000. Em uma nota, o ex-prefeito, hoje secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal, negou conhecer Pfeiffer ou a Aeromídia. "A questão de um ‘suposto’ caixa 2 na minha campanha eleitoral já foi devidamente julgada pelo egrégio Tribunal Superior Eleitoral, e restou comprovada minha inocência e a não existência de um segundo caixa", afirmou.

A advogada afirmou, ainda, que a empresa possui apenas três pontos de publicidade no Afonso Pena, um no aeroporto de Londrina, um no de Foz do Iguaçu e um no de Florianópolis (SC). "É um absurdo as denúncias de pagamento de propinas", realçou a advogada. Segunda ela, a filha do superintendente da Infraero no Afonso Pena, Lorena, fez estágio na Aeromídia como participante do programa Centro de Integração Empresa Escola (CIEE) e recebia R$ 225,00, enquanto o filho do gerente comercial do Afonso Pena, Arlindo Lima Filho, trabalhou na empresa, como profissional, por pouco tempo, com carteira assinada, recebendo cerca de R$ 600 00. "Na época, o Arlindo nem era gerente comercial", disse. Tanto Carvalho quanto Taniguchi prometeram tomar "todas as medidas judiciais cabíveis".

Voltar ao topo