Investimento qualificado

Agência Curitiba quer focar na especialização dos novos empreendedores

“Queremos sair de uma floresta de bonsais para uma de árvores frondosas”

Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Gina Paladino diz que momento é de focar no empreendedorismo de oportunidade e não de necessidade e quer ver as MEIs virarem grandes empresas, com mais oportunidade de empregos e impostos para a cidade

Fechando o primeiro semestre de 2016 com praticamente o mesmo volume de atendimentos do ano passado, as oito unidades da Agência Curitiba de Empreendedorismo querem novos desafios para o próximo ano. “Agora não vamos mais focar na quantidade, mas sim na qualidade dos atendimentos”, informa a economista Gina Gulineli Paladino, presidente da agência. 

As unidades do espaço estão localizadas na Fazendinha, Portão, Boa Vista, Santa Felicidade, CIC, Tatuquara, Boqueirão e Cajuru.

De acordo com ela, o país vive um momento em que é necessário evoluir do empreendedorismo por necessidade para o empreendedorismo de oportunidade. E é na especialização dos novos empreendedores que a entidade quer atuar.

“Neste ano muita gente abriu negócio por causa do desemprego. Isso não é bom, pois este tipo de negócio corre o risco de fechar, não tem planejamento. Já o empreendedorismo por oportunidade é mais capacitado. O empreendedor se informa, planeja, se prepara e se capacita. Os riscos são bem menores”, justifica.

Em 2015 foram feitos 65.189 atendimentos. Até o final do mês passado já foram contabilizados 57.483 atendimentos na cidade. A presidente acredita que os números devem chegar a 80 mil até o final do ano. “Os números se devem à crise do país. No próximo ano acredito que devam ficar no mesmo patamar”, avalia.

Fenômenos

Em 2015 foram feitos 65.189 atendimentos./Foto:Felipe Rosa

De acordo com ela, dentro do empreendedorismo existem dois fenômenos, um deles é o estigma que empreender é ruim e que ter um emprego público, por exemplo, que é bom. E o segundo de que é bom ser dono do próprio negócio. “Muita gente abre as portas sem preparo”, lembra. “Mas hoje a visão é mais ampla e alargada”, comemora. Segundo Gina, foi a partir da virada do século 21 que o empreendedorismo por oportunidade passou a ganhar do de necessidade.

“Isto ajuda a diminuir a taxa de mortalidade do negócio”, atesta. Ela lembra que a taxa de mortalidade de uma empresa no Brasil é de 30% em dois anos. “Mas hoje já existem ferramentas que ajudam o empresário a definir onde, quanto e como investir no mercado”, lembra.

E são essas ferramentas que estão disponíveis nas agências. Lá, por exemplo, o empreendedor tem consultoria especializada e acesso a serviços como bancos que fomentam o crédito ao microempreendedor, como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica (leia mais abaixo). “Até para a utilização de crédito temos gente capacitada para orientar. Não basta pedir crédito, tem que saber utilizar”, lembra. Todas as consultorias têm uma pré-orientação e são marcadas com antecedência.

Perfil

Taxa de mortalidade de uma empresa no Brasil é de 30% em dois anos./Foto: Arquivo

Do total de atendimentos, boa parte deles foi solicitada por mulheres. “Também é reflexo da crise. O marido fica desempregado e enquanto recebe o seguro e tenta arranjar outro emprego formal, a mulher vai à luta. Elas fazem curso de moda, culinária e estética. É a forma de ajudar em casa e complementar a renda familiar”, diz.

Mas o grande desafio do projeto,, segundo sua presidente, é impactar em uma cidade do porte de Curitiba, com seus 1,8 milhões de habitantes. “Para ter impacto, efetivamente, precisa-se ter escala. Neste particular o nosso é o maior programa de empreendedorismo do país. Não disse que é o melhor, mas o maior. É o nosso grande desafio para 2017”, acredita.

Para o próximo ano, a meta é a capacitação. “Nós não gostamos de MEIs. Queremos que elas cresçam para microempresas e vamos lutar para empurrar para o degrau de cima até que cheguem a empresas. São mais empregos e impostos gerados para o município”, garante.

E filosofa: “não podemos ter uma linda floresta de bonsais. Temos que ajuda-los a crescer e se tornarem uma floresta de árvores frondosas”.

Curitiba Empreendedora: o que é e como funciona

O Programa Curitiba Empreendedora foi implantado em 2013 e resultou em um conjunto de medidas de estímulo ao desenvolvimento e desburocratização das micro e pequenas empresas da cidade, enquadradas no limite de faturamento de até R$ 3,6 milhões por ano.

Por meio do programa, a Prefeitura estabeleceu a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, instituiu o decreto que regulamenta as compras municipais junto a micro e pequenas empresas, criou incentivos não tributários e investiu em consultorias especializadas em parceria com o Sebrae e na oferta de microcrédito produtivo orientado em parceria com a Caixa Crescer e com a Movera.

As micro e pequenas empresas representam aproximadamente 99% dos estabelecimentos formais no Paraná e no Brasil. Em Curitiba, existem cerca de 155 mil destes empreendimentos, 67 mil microempreendedores gerando mais de 12 mil novos negócios por ano. No Brasil, são mais de 7 milhões e, no Paraná, superam os 500 mil, segundo dados do Sebrae/PR.

“Os pequenos negócios têm muita importância para a economia das cidades, pois respondem em média por 60% dos empregos com carteira assinada e 40% da massa salarial. Tanto no estado quanto no país, o segmento gera mais empregos que as empresas médias e grandes”, explica José Ricardo Castelo Campos, gerente regional do Sebrae-Pr.

Até o início de 2013, a Agência Curitiba contava 10 mil atendimentos por ano e a mortalidade das empresas curitibanas chegava a 30%, acima da média nacional, de 24%. Até o final de 2013, foram mais de 24,6 mil atendimentos realizados e 37 mil em 2014.

No ano passado o número, dobrou, chegando a 65 mil. Neste ano, já são 47 mil atendimentos realizados e a previsão é fechar o ano com 80 mil empreendedores atendidos nos oito espaços empreendedor do município.

Segundo semestre

Para manter a agenda de capacitação aos empreendedores de Curitiba, a Agência programou nova rodada de cursos para o segundo semestre. Entre as novidades estão os treinamentos para exportação, formação do preço de venda e uso das mídias sociais para divulgação do negócio. Outra novidade é a realização de capacitações também no período da tarde. Confira o calendário das atividades gratuitas, realizadas nas administrações regionais.

Informações

As inscrições para participação de palestras e cursos estão abertas e mais informações podem ser obtidas pelos telefones (41) 3221-9925 e 3044-1174. Há cursos à tarde (14h e 18h) e à noite (19h às 22h). São admitidas até 35 pessoas por sala e as aulas sempre ocorrem nas Ruas da Cidadania. As inscrições podem ser realizadas em oito Espaços do Empreendedor, nas Ruas da Cidadania, exceto Matriz e Bairro Novo.

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