Em Londrina, Alckmin se opõe a eventual pedido de impeachment de Lula

O ex-governador de São Paulo e pré-candidato tucano à Presidência da República, Geraldo Alckmin, disse hoje discordar da movimentação de líderes da oposição, entre eles o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati, para pedir o impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva por causa do parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, que acusou o PT de agir como uma "organização criminosa" ao criar o sistema de financiamento ilegal de parlamentares, episódio que ficou conhecido como "mensalão".

O parecer do relator foi divulgado terça-feira. "Não discuto o impeachment. O que quero é derrotar o Lula e o PT nas urnas", disse Alckmin durante visita à 46ª. Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina, onde ele foi recebido por cerca de 500 produtores rurais para apresentar seu plano de governo para o setor. Em encontro reservado com a direção da Sociedade Rural do Paraná, que promove a feira, Alckmin foi cobrado sobre seu projeto para a agropecuária. Um dos diretores observou que os produtores rurais já se sentiriam satisfeitos se na eventualidade de ele vencer a eleição, não atrapalhasse o agronegócio.

O parecer do procurador-geral revelou a ação de uma "quadrilha organizada" na cúpula do governo, observou Alckmin, e não apenas de pessoas isoladas.

"Todo governo corre o risco de ter funcionários que pratiquem atos ilícitos – e esses funcionários devem ser punidos -, mas com o governo do PT ficou demonstrado que foi uma ação coletiva, resultado da confusão entre os interesses do partido e os públicos". "O aparelhamento do Estado (o preenchimento de cargos de confiança por milhares de petistas) deu nisso", criticou Alckmin.

O tucano rebateu a afirmação feita em Sorocaba (SP) pelo presidente Lula de que a oposição está intensificando os ataques a seu governo porque está "nervosa" diante dos índices de crescimento econômico que vem sendo apresentados por seu governo "Que crescimento, se só ficamos na frente do Haiti no ano passado?", perguntou Alckmin, lembrando que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 2,3% no ano passado em relação a 2004.

"Além deste crescimento pífio, Lula tem reiterado que não tem pressa para que a economia atinja índices satisfatórios de crescimento", comentou o ex-governador, comportamento que, segundo ele, caracteriza o presidente como o "anti-Juscelino". Juscelino, lembrou Alckmin, promoveu em cinco anos o crescimento projetado para 50 anos, enquanto Lula, na sua avaliação, nem em 50 anos vai conseguir atingir a taxa de crescimento que o governo de Juscelino apresentou em cinco.

Apesar do crescimento lento de sua popularidade nas pesquisas, Alckmin se disse "feliz" com seu desempenho. "Nas outras eleições que disputei, eu tinha nessa altura do campeonato no máximo oito pontos; agora tenho 20 – e a campanha nem sequer começou".

Alckmin desviou do roteiro traçado por sua assessoria para visitar, no recinto da Expo Londrina, o ex-ministro José Eduardo de Andrade Vieira. Os dois se cumprimentaram efusivamente, Andrade Vieira é um crítico ferrenho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de quem foi o coordenador financeiro em sua primeira campanha eleitoral e a quem responsabiliza pela quebra do banco Bamerindus, que controlava.

Andrade Vieira é um entusiasta do ex-presidente Itamar Franco, que lançou quarta-feira sua pré-candidatura à presidência pelo PMDB. Para Alckmin, se o PMDB lançar candidato próprio, "disputaremos com ele", mas se se aliar ao PSDB, "será bem-vindo".

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