Educação permanente é desafio no Brasil, dizem debatedores

O Brasil enfrenta um duplo desafio educacional: ao mesmo tempo em que necessita adotar a educação ao longo da vida como política pública, precisa acabar com as deficiências histórias do sistema de ensino, como a baixa escolaridade e o baixo nível de leitura da população.

Essa foi uma das conclusões dos especialistas ouvidos hoje no seminário "Educação ao Longo da Vida", promovido pelas comissões de Educação e Cultura; e de Legislação Participativa, e proposto pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT).

A educação ao longo da vida é um conceito difundido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) a partir dos anos 70. Apesar de ainda não ter uma definição consensual, o termo remete à necessidade da criação, pelos países, de uma nova ordem educacional, baseada no aprendizado contínuo.

O objetivo, segundo esse conceito, é preparar a população para as constantes mudanças sociais, por meio de aquisição contínua de novos conhecimentos. Desse modo, a educação não ficaria restrita apenas ao período escolar, mas seria feita durante toda a vida útil das pessoas.

Sociedade educativa

Para o assessor especial da Unesco para educação, Célio Cunha, a educação ao longo da vida é uma necessidade dos países pobres e emergentes. O objetivo final dessa nova ordem é a criação de uma sociedade educativa, onde cada instituição, e não apenas as escolas e universidades, seja capaz de ajudar na formação dos cidadãos.

Entretanto, para que isso aconteça, os brasileiros precisam encarar a educação como prioridade. "Para a educação ser uma prioridade do Poder Público, é preciso que a sociedade a veja também como uma prioridade. As metas educacionais devem ter a mesma importância das metas econômicas", afirmou Cunha.

Estratégias

O diretor de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação (MEC), Timothy Ireland, também cobrou uma maior preocupação com a questão educacional. Segundo Ireland, a adoção do aprendizado ao longo da vida exige quatro estratégias específicas: uma educação básica universal e de qualidade, a alfabetização de jovens e adultos excluídos do sistema escolar, a criação de um ambiente que estimule a leitura e a escrita, e a efetiva redução da pobreza.

"Não há como consolidar processos educacionais quando o acesso ao livro, à escola e às bibliotecas é tão restrito", ressaltou Ireland.

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