Vendas do comércio caíram 2,3% no Paraná

As vendas do comércio no Paraná caíram 2,35% em setembro na comparação com igual período do ano passado. Foi o terceiro mês consecutivo de queda – em julho, a variação negativa havia sido de 0,12% e, em agosto, de 1,37% – e o segundo pior resultado entre os 27 estados, atrás apenas do Rio Grande do Sul, que registrou queda de 4,06%. Em nível nacional, as vendas do comércio cresceram 5,62% em setembro – foi o 22.º mês consecutivo de aumento. Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para o assessor econômico da Federação do Comércio no Paraná (Fecomércio-PR) e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Vamberto Santana, o mau desempenho do comércio paranaense se deve à estiagem, somada à queda de preços das commodities agrícolas importantes para o Estado, como é o caso da soja e do trigo. ?São fatores que acabaram gerando efeito negativo sobre a economia paranaense num todo. E não ficou restrito apenas ao primeiro trimestre, quando houve maior intensidade do efeito da seca?, comentou. De janeiro a setembro, conforme dados do IBGE, as vendas do comércio paranaense registraram seis meses de queda e três de alta. Com isso, as vendas acumulam no ano queda de 0,15% e, nos 12 meses, crescimento de 2,64 – resultados bem aquém dos verificados em nível nacional, de 4,98% e 6,05%, respectivamente.

?O efeito negativo vem se sustentando ao longo dos meses, e o resultado é que o desempenho do comércio na economia paranaense está mais lento do que no resto do País?, comentou o economista. Para ele, esta situação deve perdurar pelos próximos meses, se não houver melhora dos preços agrícolas. A suspeita de foco de febre aftosa no Estado também pode comprometer as vendas do comércio, de acordo com Santana. ?Se não houver esclarecimento por parte do governo federal, a situação pode trazer resultados bastante negativos?, alertou. Segundo ele, os efeitos poderão ser vistos nos indicadores de novembro.

Setores

Conforme o IBGE, o principal setor responsável pelo mau desempenho do comércio paranaense foi o de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, com queda de 11,29%. Em nível nacional, o mesmo setor registrou aumento de 3,86%. ?É uma atividade sensível à renda. Talvez a redução seja ainda por conta da seca?, apontou o economista do IBGE, Reinaldo Silva Pereira, da coordenação de Comércio e Serviços. Além do Paraná, apenas São Paulo e Rio Grande do Sul registraram queda nas vendas nesse setor, mas em índices bem menores, de 1,68% e 1,44%, respectivamente.

Outro setor com queda nas vendas foi o de combustíveis e lubrificantes – redução de 0,31% no Paraná e de 7,14% no Brasil. Para Reinaldo Pereira, a queda no volume se deve ao aumento dos preços dos combustíveis, autorizado pela Petrobras em setembro.

Os demais setores apresentaram aumento nas vendas no Estado: tecidos, vestuário e calçados (com crescimento de 6,40%), móveis e eletrodomésticos (10,39%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos (13,71%), livros, jornais, revistas e papelaria (11,05%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (114,74%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (23,29%). 

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