Vendas de Natal cresceram 15,4% este ano

As vendas de Natal cresceram 15,4% este ano em relação ao ano passado – bem acima do aumento de 8% previsto pelos lojistas. Os dados são da Associação Comercial do Paraná, com base no número de consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) – indicador de vendas a prazo -, e ao VideoCheque – indicador de vendas à vista -, que passaram de 76.329 entre os dias 18 e 25 de dezembro do ano passado para 88.107 consultas no mesmo período desse ano. Os números se referem ao comércio de Curitiba, dos municípios da Região Metropolitana e do litoral.

Para o vice-presidente de Serviços da ACP, Élcio Ribeiro, o crescimento de vendas no comércio é explicado por dois fatores: a queda da inadimplência e o ?madrugadão?, que atingiu quatro shoppings de Curitiba entre os dias 23 e 24. ?Em 2005 o consumidor manteve as contas em dia e houve queda da inadimplência?, apontou Ribeiro, referindo-se à taxa de inadimplência líquida anualizada (dezembro de 2004 a novembro de 2005), que ficou em 0,21%.

A maratona dos shoppings, que abriram durante 32 horas ininterruptas – das 10h do dia 23 às 18h do dia 24 -, também colaborou para o sucesso das vendas. ?Foi uma experiência que deu certo. As lojas lotaram na madrugada. O que poderá servir de estímulo para os comerciantes de rua nos próximos anos?, afirmou Ribeiro. No comércio de rua, o estímulo veio das campanhas promocionais do Centro Vivo, que prossegue até sábado com o sorteio de um automóvel zero quilômetro, dez celulares e quatro canetas tinteiro.

Como o Natal foi ?gordo? para grande parte dos comerciantes, Ribeiro acredita que haja um desaquecimento nos próximos dias, mesmo com as promoções pós-Natal. ?A gente está pedindo até um pouco de cautela por parte dos lojistas. As pessoas compraram bastante antes do Natal, e agora a tendência é que haja um desquecimento.?

?Madrugadão?

A maratona de 32 horas que ocorreu em quatro shoppings de Curitiba – Mueller, ParkShopping Barigüi, Crystal e Curitiba – deve se repetir nos próximos anos. ?Não vi nenhum tipo de reclamação. No fim, todos chegaram à mesma conclusão: cansou, mas valeu a pena?, apontou o gerente-geral do Shopping Curitiba, Carlos Torres. Durante as 32 horas de funcionamento ininterrupto, cerca de 100 mil pessoas passaram pelo shopping, segundo Torres. ?Em quatro anos, nunca vi tanta gente aqui ao mesmo tempo?, afirmou. As vendas, segundo Torres, aumentaram em cerca de 15% durante a madrugada. ?Foi como um dia a mais de vendas. Ao invés de 24, tivemos 25 dias de vendas de Natal.?

No Shopping Crystal, as vendas aumentaram quase 42% em relação ao dia 23 de dezembro do ano passado, quando o shopping fechou à meia-noite. Já o número de pessoas foi de aproximadamente 42 mil, durante as 32 horas ininterruptas. Para a gerente de Marketing do Shopping Crystal, Lylian Vargas, o que chamou a atenção – além da presença do ator global Reynaldo Gianecchini e da programação musical – foram os descontos de até 50% concedidos pelas lojas durante a madrugada. Para Lylian, a idéia é não só repetir a maratona no próximp Natal, mas em outras datas comemorativas, como o Dia das Mães.

No Shopping Mueller, cerca de 120 mil pessoas circularam entre os dias 23 e 24, com aumento do fluxo em 20%. Já as vendas cresceram cerca de 15%. Já o ParkShopping Barigüi, que também participou do ?madrugadão?, não divulgou o balanço de vendas, nem de fluxo de público.

Promoções vão manter vendas

O Natal já passou, mas os lojistas apostam em promoções para manter as vendas aquecidas nos próximos dias. A marca de calçados femininos Arezzo, por exemplo, está com uma promoção especial para os últimos dias de 2005. Desde ontem as lojas da marca em Curitiba estão oferecendo um prazo de pagamento de cem dias, sem entrada e sem juros. A promoção segue até o dia 31 de dezembro.

A rede de hipermercados Extra iniciou ontem a 8.ª hiperliquidação pós-Natal com descontos de até 60% nos produtos das seções bazar, têxtil e eletro. Ao todo, até o próximo dia 31, são mais de 2 mil itens em promoção. Também a rede Carrefour vai liqüidar mais de 2 mil tipos de produtos em todas as cem lojas distribuídas pelo País nesta semana, com descontos de 40% a 60%.

No Shopping Curitiba, algumas lojas também iniciaram ontem as promoções. ?Algumas estão oferecendo desconto de até 50%?, contou o gerente geral, Carlos Torres. (LS)

Movimento agora é para a troca de presentes

Se na semana passada a correria era para não deixar ninguém sem presente, esta semana os consumidores voltam às lojas para trocar o que não serviu, o que ganhou repetido ou o que não agradou. Os lojistas reconhecem que o movimento do troca-troca é uma boa oportunidade para novas vendas, e recebem os consumidores de braços abertos. Sabem que a hora é para ganhar de vez o cliente.

Em algumas lojas do centro de Curitiba o movimento ontem era intenso, como se o Natal ainda nem tivesse passado. Era o consumidor querendo trocar o presente. Ariadne Souza, 19 anos, ganhou um vestido que acabou ficando grande. Mas para encontrar o que queria teria que andar muito. Na primeira loja de uma grande rede de confecção não tinha a cor que ela gosta. ?Só tinha verde, eu gosto do rosa e do azul?, diz. Ela ia continuar a maratona e só ia parar quando achasse o vestido que a agradasse. ?Vou usar na virada do ano?, disse.

Cibele A. da Luz, 16 anos, também foi ao centro da cidade ontem para trocar o presente, não gostou do modelo da sandália que ganhou. Acabou optando por uma peça de roupa. ?Gastei mais, mas era o que eu queria?, contou.

É atrás de clientes, como Cibele, que boa parte dos lojistas andam atrás depois do Natal. O gerente da Osklen, no shopping Cristal, Roger Regen, disse que a loja já se prepara para este período de trocas. O cliente acaba encontrando o que procura e o lojista ainda efetua mais algumas vendas. ?Às vezes complementa a diferença de uma peça e ainda leva outro produto?, diz.

O mesmo se repete na loja VR que vende roupas masculinas. ?Geralmente não é o homem que vem até a loja. Mas costuma vir para a troca e acaba levando alguma coisa que há tempos está precisando?, fala a gerente Soraia Navarro. A gerente da Cori, Manoela Heineberg, concorda e diz também que o troca-troca é uma ótima oportunidade para ganhar mais clientes. ?Tem gente que não conhece a nossa loja, vem para trocar o presente, é bem atendido e acaba voltando?, diz.

Mas o consumidor precisa estar consciente de que as lojas não são obrigadas a trocar as mercadorias. O coordenador do Procon, Algaci Túlio, explica que a obrigatoriedade se restringe aos produtos que apresentam defeitos. No caso de eletrodomésticos, o prazo é de 90 dias e 30 para outras mercadorias. No entanto, Algaci recomenda que os lojistas também façam a troca dos presentes que não serviram ou não agradaram. ?O lojista sai ganhando?, diz. Mas o consumidor precisa ficar atento, geralmente as lojas só aceitam a mercadoria que está com a etiqueta e o produto não pode ter sido usado. (Elizangela Wroniski)

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