Vacinação contra aftosa começa hoje em 15 estados

A segunda etapa da campanha de vacinação contra a febre aftosa, que tem início hoje, nunca foi tão aguardada pelos pecuaristas do Paraná como desta vez. A falta de confirmação dos focos da doença no Estado está deixando os produtores apreensivos, e a vacina surge como um meio de proteger o gado de possíveis contaminações. No Paraná, o rebanho é formado por 10,2 milhões de bovinos e bubalinos. A expectativa da Secretaria Estadual da Agricultura do Abastecimento (Seab) é que a maior parte do gado seja vacinada até o próximo dia 10, embora a campanha prossiga até o dia 20. Além do Paraná, a segunda etapa da vacinação acontece em outros 14 estados e no Distrito Federal.

?Nessa situação (suspeita de aftosa), é uma corrida contra o tempo?, definiu o assessor de agropecuária da Federação da Agricultura no Estado do Paraná (Faep), Alexandre Jacewicz. ?A vontade do produtor era, inclusive, de antecipar a vacinação, mas por questão técnica e estratégica, houve a recomendação para que começasse apenas no dia 1.º de novembro.?

O assessor reconheceu que a vacina pode ?mascarar? a presença do vírus no animal. Apesar disso, acredita que vacinar o gado o quanto antes ainda é o melhor remédio. ?Não há diferença entre os anticorpos da vacina e da doença. Assim, quando o gado está vacinado, os exames têm que ser mais acurados, profundos. Essa é uma das razões por que o laboratório do Ministério da Agricultura está retardando o resultado?, comentou. Para Jacewicz, do rebanho total do Paraná – 10.214.260 bovinos e 23.450 bubalinos, conforme dados do Ministério da Agricultura – menos de 1% deve aguardar o resultado dos exames para ser vacinado.

?Existe o controle perfeito sobre onde ocorreram as lesões sugestivas da febre aftosa. Esses animais estão em quarentena, estão sendo monitorados, tendo acompanhamento total. Se o resultado da aftosa for positivo, já estaremos com o vírus sitiado?, tranqüilizou Jacewicz.

Cuidados

O assessor agropecuário alertou sobre alguns cuidados que devem ser tomados pelos produtores ou seus empregados na hora de vacinar o gado. Entre eles, a conservação da temperatura do frasco da vacina, que deve oscilar entre 4ºC e 5ºC. ?Se os frascos ficam em temperatura muito baixa, inativa o vírus atenuado da vacina. Por outro lado, se a temperatura ultrapassar a 8ºC ou 10ºC, a vacina também perde a eficácia?, explicou. Nesse sentido, expor a dose ao sol, ao calor ou, em outro extremo, guardá-la no freezer são práticas proibidas.

A troca da agulha para evitar contaminações também é fundamental. ?É importante trocar a agulha com freqüência para evitar contaminação, abscessos que depreciam o animal. Também a seringa, depois de algum tempo, tem que ser esterilizada para não veicular infecções?, recomendou. A vacina, lembrou, tem que ser aplicada na ?tábua do pescoço do animal?, é subcutânea e exige paciência e cuidado de quem for aplicar. ?Normalmente, as pessoas são treinadas para isso.?

A dose da vacina deve custar entre R$ 1,10 e R$ 1,20, segundo Jacewicz, e está à venda nas casas agropecuárias. ?Nossa vacina é muito eficiente e imuniza os três principais vírus comuns na América do Sul: os tipos A, O e C?, apontou.

Em todo o País, cerca de 161,2 milhões de bovinos devem ser vacinados até o dia 30, conforme previsão do Ministério da Agricultura. A quantidade é equivalente a 80% do rebanho total brasileiro de 197,8 milhões. A campanha deve atingir ainda 1 milhão de bubalinos, o que corresponde a 97% do rebanho total. 

Secretaria baixa normas mais rígidas enquanto resultado não sai

Enquanto aguarda a divulgação do resultado sobre a ocorrência ou não de febre aftosa no Paraná, a Secretaria da Agricultura baixou normas mais rígidas com vistas a isolar ainda mais os municípios de Amaporã, Maringá, Grandes Rios e Loanda, onde há suspeita da doença em 19 bovinos. A Resolução 93 declara esses municípios áreas de risco sanitário. Está proibida a entrada e saída de animais vivos, seus produtos e subprodutos.

A carne bovina desossada, submetida ao processo de maturação por 24 horas, está liberada desde que não seja proveniente dos municípios considerados área de risco sanitário e de propriedades localizadas num raio de 25 quilômetros das quatro que estão com suspeita da doença. O leite cru produzido nesses municípios, menos das propriedades interditadas, podem ser levados para estabelecimentos com Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SIP) e/ou Serviço de Inspeção Federal (SIF). Na resolução fica facultada à secretaria a definição de corredores próprios para o trânsito de veículos, animais e pessoas.

O artigo 4.º da resolução confirma a proibição, em território paranaense, de realização de eventos agropecuários (exposições, leilões, feiras, rodeios, etc.) e qualquer concentração de animais, porém libera atividades semelhantes, desde que sejam de aves, caninos, felinos e animais aquáticos. Fica liberada a realização de leilões virtuais, desde que não haja movimentação de animais. Eventos de atividades esportivas eqüestres (nas instalações de jóquei clubes e hípicas), desde que certificadas pelo Ministério da Agricultura, também podem ser realizados.

Auditores

Auditores do Panaftosa (Centro Pan-Americano de Febre Aftosa) iniciaram ontem visitas a várias regiões de fronteira do Estado com Paraguai, Argentina e de divisas com o Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, para conhecer, pessoalmente, o trabalho de prevenção realizado pelo Paraná contra a aftosa.

São Paulo descarta contaminação de animais ?importados? do Paraná

Ribeirão Preto (AE) – A Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo informou ontem que foi afastada a contaminação com febre aftosa em 2.069 animais, entre bovinos, suínos, caprinos e ovinos ?importados? do Paraná entre os meses de setembro e outubro. De acordo com a secretaria, após o rastreamento, a análise e o monitoramento dos animais, não foram constatados sintomas clínicos da doença, que não devem surgir em virtude de o período de incubação do vírus da febre aftosa ser de 15 dias.

Os animais, vindos de diversas regiões paranaenses, estavam distribuídos em 57 propriedades rurais de 41 municípios paulistas. Relatos e notas técnicas com os exames feitos pelos veterinários paulistas serão encaminhados ao Ministério da Agricultura, juntamente com as ações de bloqueio tomadas nas divisas com Paraná e Mato Grosso do Sul. A ação tem o objetivo de pedir que o ministério solicite à União Européia o fim do embargo à carne do Estado de São Paulo, que responde por 70% de toda a carne comercializada pelo Brasil no exterior.

Além do monitoramento dos animais suspeitos, São Paulo criou corredores sanitários nas divisas com os dois estados que tiveram focos ou suspeitas da doença. Estão proibidas as entradas de animais vivos e carne com osso do Paraná e do Mato Grosso do Sul, bem como qualquer tipo de produto animal das regiões com focos ou suspeitas da doença. Além dessa medida, o governo paulista proibiu qualquer tipo de evento com animais suscetíveis à febre aftosa, como feiras, leilões e rodeios, por tempo indeterminado.

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