POUPANÇA

Um bom planejamento vale mais que apostar na Mega-Sena

Responda rápido: os R$ 38 milhões que a Mega-Sena pode pagar na próxima quinta-feira serviriam para realizar exatamente o quê? Se a resposta passa por ter uma vida mais tranquila ou adquirir várias coisas, muito provavelmente lhe falta um planejamento financeiro. Adotar essa medida pode não interferir na “sorte” dos apostadores inveterados, mas do ponto de vista econômico, é um instrumento realista de quem quer construir uma vida.

De acordo com o diretor financeiro da Faculdade de Educação Superior do Paraná (Fesp), Carlos Eduardo Guimarães, a maioria dos sonhos e aspirações envolvendo o prêmio acumulado da Mega-Sena não pode ser exatamente comprada. “As pessoas querem ser felizes e ter uma vida sossegada, mas ganhar uma bolada não garante isso. Em determinadas situações significa exatamente o contrário”, avalia. Para ele, independentemente do indivíduo ser ou não um apostador fiel, elaborar um planejamento do que se pretende conquistar ao longo da vida é fundamental para se alcançar a tão sonhada tranqüilidade. “Fazendo isso, o dinheiro passa a ocupar o seu verdadeiro papel na vida das pessoas, o meio de executar um bom plano”, orienta.

Com o plano em mãos, baseado nos próprios rendimentos, basta cultivar o hábito de poupar todo mês uma pequena parte desse montante e procurar as opções de investimentos mais adequadas para os respectivos objetivos. Saiba que qualquer montante acumulado regularmente se configura em uma quantia importante com o passar dos anos.

Uma conta simples nesse sentido é pegar uma quantia de R$ 10, ou seja, o equivalente a cinco cartelas jogadas na Mega-Sena, e avaliar a evolução disso em uma aplicação que renda 1% ao mês. Seriam R$10,10 no primeiro mês que, com mais R$ 10 do segundo mês, chegariam a R$20,10 e assim por diante. Por meio dos juros compostos, em 10 anos, representariam R$ 2.333,39, sem qualquer sacrifício para quem poupou, principalmente, para quem gasta isso ou muito mais apostando na sorte.

Para aqueles que, porventura, forem contemplados, o economista faz duas recomendações valiosas. A primeira diz respeito a quem ainda não planejou o que vai fazer com o dinheiro. “Não faça nada. Deixe na própria caderneta de poupança da Caixa até elaborar um plano”. A segunda dica é sobre a infinidade de produtos bancários que rondam os ganhadores. “Para quem tem na conta R$ 38 milhões, um plano de previdência privada, por exemplo, torna-se completamente desnecessário, uma vez que a pessoa reúne capital para viver confortavelmente o resto da vida, é só ter o mínimo de cuidado e não mudar radicalmente o padrão de consumo, pois dinheiro acaba”.