Tesouro descarta aperto nas contas públicas

O secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guardia, afirmou que o governo não analisa a possibilidade de promover um novo aperto nas contas públicas, diante da recente alta do dólar. ?Não podemos, a cada oscilação do câmbio, reprojetar a dívida e rever a meta de resultado primário, não obstante o incômodo e o efeito negativo das variações de câmbio sobre a dívida?, disse. Ele atribuiu a alta do dólar e do risco Brasil a um momento delicado tanto no cenário interno, dado o nervosismo natural do período eleitoral, quanto no quadro externo.

Em julho, quando o câmbio fechou o mês a R$ 3,42, a dívida pública bateu em R$ 674,40 bilhões. Em agosto, com o câmbio a R$ 3,02, a dívida recuou para R$ 622,79 bilhões. Para o secretário, essa é a melhor demonstração que, num regime de câmbio flutuante, o dólar faz a dívida oscilar. Ele explicou que  a despeito das variações de saldo, o impacto de caixa do dólar caro se dá sobre a parcela da dívida atrelada ao câmbio que vence a cada mês. De setembro a dezembro, ela soma R$ 16,88 bilhões.

Além disso, lembrou Guardia, o Tesouro vendeu na semana passada R$ 1,3 bilhão em títulos indexados à taxa de inflação, com vencimento em dezembro de 2005, a uma taxa de 10,39% ao ano, abaixo da calculada pela Andima. ?Fizemos um leilão com bastante sucesso, num momento em que o risco Brasil já estava em alta e o dólar também?, observou. ?O que vemos agora é uma extrapolação tanto no risco Brasil quanto na taxa de câmbio, que não encontra amparo na situação objetiva da dívida.? Segundo o secretário, o Tesouro se preparou para enfrentar esses momentos de turbulência sem se complicar com a rolagem da dívida pública. Já há alguns anos, o Tesouro adotou a estratégia de criar um ?colchão de liquidez?, uma folga no caixa que permite resgatar papéis da dívida que estejam vencendo, caso as condições de mercado estejam muito ruins para lançar novos títulos.

Atualmente, esse colchão está em cerca de R$ 60 bilhões. Os cálculos mostram que o ?colchão? será suficiente para garantir a rolagem da dívida até o fim do ano, mesmo que o governo não venda mais um único papel no mercado.

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