Sundown quer mercado de motocicletas

Manaus – Já consolidada no ramo de bicicletas, a Sundown – que até 1999 mantinha a sede em São José dos Pinhais – quer agora se firmar de vez no setor de motocicletas. Com faturamento de quase R$ 165 milhões no primeiro semestre desse ano e participação de 4,3% no mercado brasileiro de motocicletas, a Sundown – que desde 2000 mantém complexo industrial em Manaus (AM) – está ampliando sua unidade fabril; com isso, a capacidade instalada deve saltar de 72 mil unidades de motos produzidas por ano para 210 mil. O valor total do investimento, segundo a diretoria, ainda está sendo concluído e não foi divulgado.

?A Sundown é líder no mercado de bicicletas desde 98. Agora o objetivo é firmar a marca também no ramo de motocicletas?, apontou o diretor industrial Cláudio Rosa Júnior. Focada especialmente em um público com poder aquisitivo mais baixo – que vê a oportunidade de trocar o transporte público por um veículo próprio -, a Sundown investe em modelos com motor de baixa cilindrada (de 90cc a 250cc) e preços competitivos – a partir de R$ 2.990,00, o modelo Hunter, de 90cc.

?Através da eficiência de produção, conseguimos promover economia de escala e redução do preço ao consumidor?, apontou o diretor comercial de motos da Sundown, Rogério Scialo. O câmbio é outro fator que tem beneficiado a empresa. É que 60% dos componentes das motos produzidas na unidade de Manaus são importados da China, incluindo chassi e motor – este último, 100% importado. De acordo com o diretor industrial Cláudio Rosa Júnior, a empresa compra componentes de aproximadamente 150 fornecedores da China. ?A China tem uma escala grande de produção, de 12 a 13 milhões de motos por ano, enquanto o Brasil, cerca de um milhão. Importando, a gente consegue baratear o nosso custo?, afirmou. A partir do segundo semestre do ano que vem, a empresa deve começar a produzir os chassis.

Justiça

Um imbróglio judicial está mexendo com o setor de motocicletas. Na última quinta-feira, a 15.ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro suspendeu a tutela antecipada concedida à Honda no dia 5 de julho, que acusava a Sundown de violar duas patentes relacionadas à ?estrutura de suporte e de montagem da câmara para conter artigos para motocicletas? no modelo Web C100 e sua versão Evo. A estrutura, de acordo com Rogério Scialo, se refere ao banco móvel das motonetas e o porta-capacete. Segundo Scialo, laudos técnicos comprovaram que existem 49 patentes anteriores às concedidas à Honda em 98.

Segundo o diretor, a Sundown recorreu à Justiça dentro do prazo estipulado e não precisou interromper a produção da Web, que responde hoje por 45% das vendas da empresa, ou seja, entre 2 e 3 mil unidades por mês. Apesar disso, segundo ele, a empresa teve prejuízos por conta da ação da líder de mercado Honda. ?Houve danos irreparáveis. Houve concessionárias nos ligando para saber o que havia acontecido e as próprias financeiras ficaram com medo?, afirmou.

Foi a segunda situação delicada enfrentada pela empresa em menos de um mês. No final de junho, a operação Pôr-do-Sol deflagrada pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal resultou na prisão de dez pessoas – entre elas, o empresário Izidoro Rozenblum e o filho Rolando Rozenblum, antigos detentores da marca Sundown no Paraná.

A Brasil & Movimento, que licenciou a marca em 2000 e a comprou em novembro de 2005, nega que a administração da empresa esteja ligada à família Rozenblum e que tenha qualquer envolvimento com a operação Pôr-do-Sol. ?Não tem nada a ver. A Brasil & Movimento não tem nenhuma ligação com esta operação Pôr-do-Sol?, afirmou Scialo. ?A gente estranha uma série de situações que se lançou pelo Brasil, como financeiras não querendo financiar nossas motos e agora esta ação contra o nosso carro-chefe de vendas?, arrematou.

(A jornalista viajou a Manaus a convite da empresa Brasil & Movimento, detentora da marca Sundown.)

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