Stephanes diz que biocombustíveis interferiram na alta dos alimentos

O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, reconheceu que os biocombustíveis, ainda que de forma secundária, acabaram interferindo na alta dos preços dos alimentos. Ele explicou que a situação do Brasil em relação a essa questão é confortável, pois aqui não há competição entre produtos agrícolas e biocombustíveis, já que a plantação de cana-de-açúcar no país ocupa menos de 1% do território nacional e de 3% das áreas agricultáveis e de pecuária.

Na medida em que os Estados Unidos utilizam 80 milhões de toneladas de milho para transformar em álcool, e que no próximo ano serão 120 milhões de toneladas de milho, isso efetivamente gerou também um impacto no mercado mundial, afirmou. O ministro ressaltou que o Brasil, além de produzir o suficiente para suprir suas necessidades de aumento de consumo e produzir energia limpa, é o pais que mais cresce em exportações.

As declarações foram feitas nesta quarta-feira (14) pelo ministro da Agricultura durante audiência pública no Senado Federal sobre os impactos da produção de biocombustíveis. A reunião conjunta foi realizada pelas comissões de Agricultura e Reforma Agrária, de Relações Exteriores e Defesa Nacional, e de Desenvolvimento Regional e Turismo.

Stephanes também enfatizou o papel dos subsídios agrícolas europeus na crise dos alimentos. Se há algum vilão nessa história, são os países que mantêm subsídios aos seus produtores agrícolas e que distorcem os seus fatores de produção, que é o caso, exatamente, dos Estados Unidos, ao usar milho para produzir etanol, e o caso de alguns países da União Européia, que substituem área de produção de alimentos para produzir energia limpa a um custo extremamente mais elevado que o do Brasil, afirmou o ministro.

Para Reinhold Stephanes, o principal fator responsável pela guinada nos preços dos alimentos é o aumento de renda, que faz com que a população mundial consuma mais. Em seguida, após os subsídios europeus e o uso de alimentos para produção de agro-energia nos EUA, está a maior expectativa de vida da população. Por último, entre os fatores principais, Stephanes classificou as mudanças climáticas, que, segundo ele, começam a demonstrar seus efeitos.

Essas mudanças climáticas, efetivamente, já estão começando a se fazer presentes em alguns países, onde nós temos secas mais prolongadas, ou alterações de clima já se consolidando, disse. O ministro citou como exemplo a Austrália, importante exportadora de arroz, que teve sua produção reduzida significativamente em razão das mudanças do clima. No Brasil, o estado do Rio Grande do Sul passa por situação parecida.

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