Samello, em crise, pode fechar as portas

São Paulo (AE) – Uma parte dos funcionários da indústria de calçados Samello, uma das mais tradicionais do setor, de Franca, na região de Ribeirão Preto (SP), voltou ontem ao trabalho. A empresa não confirmou o número exato. Mas muitos só devem retornar na segunda-feira e 117 deles, inconformados com o atraso no pagamento salarial desde setembro, optaram pela demissão.

A empresa atravessa sua maior crise e ficou praticamente duas semanas sem produção. A Samello tinha, até há duas semanas, cerca de 950 funcionários, sendo 650 em Franca e os demais em Santa Rita (PB) – a filial também está na mesma situação, com funcionários parados.

A Samello não tem caixa para quitar os salários (foram três atrasos neste ano) e comprar matéria-prima para continuar a produção. A empresa está tentando vender um terreno, no valor de R$ 3,5 milhões, para quitar os salários dos funcionários e retomar a produção, já que tem pedidos em carteira.

Ontem, o presidente da Samello, Miguel Sábio de Mello, foi a São Paulo para negociar com potenciais investidores. A direção da empresa autorizou até o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Calçados de Franca a ajudar a vender o terreno.

?A empresa está tentando voltar à normalidade, com proposta de reestruturação, mas alega que precisa de R$ 5 milhões para resolver os problemas?, diz o presidente do sindicato, Paulo Afonso Ribeiro. Segundo ele, a Samello peca pela ?gestão empresarial?. ?Ela tem um patrimônio enorme, com uma fazenda valendo R$ 60 milhões em Minas Gerais, fora outros bens, mas não tem R$ 5 milhões para tocar a produção?, lamenta.

Os funcionários da Samello resolveram cruzar os braços e ficar em casa devido aos atrasos nos salários. Por duas vezes anteriores, quando o pagamento foi feito, tudo voltou ao normal. Mas a nova crise, nas últimas semanas, deixou os funcionários inconformados, que até optaram pelas demissões, já que alguns conseguiram outros empregos.

Os avisos prévios, porém, ainda estão sendo processados e até podem ser revertidos. A promessa de pagamento ficou para segunda-feira, quando os trabalhadores voltariam à produção.

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