Safra e crédito impulsionam indústria

A atividade industrial paranaense recuperou o fôlego em maio, após apresentar retração de 0,3% no faturamento em abril. As vendas da indústria registraram alta de 4,13% no mês, influenciadas por três fatores: aquecimento do mercado interno, altas de algumas commodities e crescimento das exportações.

No acumulado do ano, o setor industrial faturou 5,09% a mais do que entre janeiro a maio de 2004. Os dados são da pesquisa Análise Conjuntural, elaborada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e divulgada ontem.

O coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmitt, cita o exemplo do mercado europeu, que teve crescimento zero no início deste ano. ?A economia norte-americana cresceu 3,5% no primeiro trimestre, contra 4,4% no mesmo período de 2004?, compara.

Schmitt alerta também para o alto endividamento do consumidor, que pode reduzir a expansão do mercado interno. Dados do Banco Central mostram ampliação de quase 50% da oferta de crédito pessoal nos primeiros cinco meses de 2005, em relação ao mesmo período de 2004. ?Até agora, o consumidor usou o dinheiro para aquisição de bens de consumo duráveis, mas, no segundo semestre, terá que pagar este crédito?, explica. Para ilustrar a situação, o exemplo mais claro é do das vendas de automóveis, que tiveram queda pelo segundo mês consecutivo. Em abril, a redução foi de 0,06% e, em maio, caíram 7,26%.

Destino

Apesar do resultado negativo no mercado interno, o setor de material de transportes (que engloba o pólo automotivo) cresceu por causa das exportações. O segmento, junto a outros sete, influenciou positivamente no resultado do faturamento do setor industrial paranaense deste o início do ano.

Em maio, as vendas industriais dentro do Paraná cresceram 8,75% e 1,32% para os demais estados brasileiros. Já o faturamento obtido com as exportações foi 3,26% maior na comparação com abril. No acumulado do ano, o faturamento industrial gerado pelas exportações cresceu 12,71%, sobre o mesmo período de 2004. Também houve crescimento de 11,85% com as vendas dentro do Paraná. Ao mesmo tempo, houve retração de 3,66% no resultado do comércio com outros estados brasileiros.

De acordo a pesquisa do Departamento Econômico da Fiep, as compras industriais cresceram 14,27% no ano e 10,99% no mês. A alta mais expressiva em maio foi de produtos importados (34,13%), seguido das compras dentro do Paraná (10,62%) e dos negócios com outros estados brasileiros (3,54%).

Emprego

Dos dezoito itens pesquisados, dez ampliaram as ofertas de empregos em 2005. A indústria paranaense gerou 1,8 mil novas vagas de trabalho (8,38%) sobre janeiro a maio de 2004. Do pessoal empregado na produção, a alta foi de 5,11% no acumulado do ano. Em relação a abril, o crescimento total foi de 0,44%, já entre os trabalhadores na produção ficou em 0,21%. Produtos farmacêuticos e veterinários (2,44%), química (2,07%) e produtos alimentares (1,23%) foram setores que mais contrataram. 

Média de crescimento nacional foi de 1,3%

A produção industrial do País cresceu 1,3% em maio, o que representa uma expansão de 5,5% em relação a maio do ano passado e uma seqüência de 21 meses de taxas positivas, divulgou ontem o IBGE. Em abril, a produção ficou estável, apresentando variação nula em comparação com o mês anterior (0,0%), O resultado acumulado no ano passou de 4,5% para 4,7% na virada de abril para maio. Nos últimos doze meses, porém, o indicador continua em ligeira desaceleração (7,5% em abril frente a 7,2% em maio).

Segundo o instituto, os resultados de maio reforçam os sinais de recuperação no ritmo da atividade fabril. A evolução positiva da média móvel trimestral, que até então só vinha sendo observada para o setor de bens de consumo duráveis, passa, em maio, a ser percebida para a indústria geral e demais categorias de uso (bens intermediários, bens de capital e bens de consumo semiduráveis e não-duráveis).

O aumento no ritmo da produção industrial atingiu a maioria (15) das 23 atividades que têm séries mensais sazonalmente ajustadas, além das quatro categorias de uso. Vale citar os resultados favoráveis registrados no refino de petróleo e produção de álcool (7,6%), material eletrônico e equipamentos de comunicações (5,3%), fumo (14,9%), máquinas e equipamentos (1,8%), bebidas (3,8%) e nas indústrias extrativas (2,0%). Já as pressões negativas mais significativas vieram dos alimentos (-3,8%), metalurgia básica (-4,2%) e perfumaria, sabões e produtos de limpeza (-6,0%).

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