Roubini alerta para agravamento de crise na zona do euro

O professor da New York University, Nouriel Roubini, afirmou hoje que “são maiores os riscos de double DIP (duplo mergulho, na tradução livre) da economia mundial” do que as chances de que o nível de atividade global se acelere no curto prazo. Segundo ele, um fator que pode ser determinante para que o mundo entre em uma recessão até pior do que a registrada em 2008, com a quebra do banco de investimentos Lehman Brothers, é a possibilidade de que os problemas na zona do euro se agravem ainda mais, o que pode levar alguns países a ter de deixar abruptamente aquele bloco.

“Zona do euro, Reino Unido e Estados Unidos têm problemas fiscais sérios, com dívidas públicas muito elevadas. Contudo, as soluções para os problemas estruturais, sobretudo na zona do euro, têm foco, basicamente, financeiro. Falta encontrar saídas para que o crescimento seja restabelecido, pois, sem ele, a insegurança econômica aumenta, eleva-se o desemprego, ocorrem tensões sociais e políticas, culminando na queda de governos”, comentou Roubini durante palestra para empresários, em São Paulo.

“Já há sinais de que a zona do euro e o Reino Unido estão em recessão, enquanto os Estados Unidos ainda estão em uma área limítrofe”, afirmou. “Os Estados Unidos cresceram 2,5% em 2010, um patamar medíocre, pois a taxa histórica é de 3%. No primeiro semestre deste ano, 2011, os Estados Unidos apresentaram uma expansão de somente 1%”, prosseguiu. “A economia global pode ser vista como uma avião em pleno voo, que, neste momento, está em stall”, completou.

Roubini afirmou que a gravidade da crise na Europa vai determinar aos seus países-membros no curto e médio prazo apenas dois caminhos. “Ou faz uma integração econômica fiscal, e quem sabe política, ou vai implodir a partir da saída de alguns de seus membros”.

Segundo ele, as autoridades na Europa estão fazendo muito pouco para atacar problemas estruturais na região. Ele destacou que, além de melhorar a gestão das contas públicas, as autoridades precisam adotar medidas para estimular o crescimento da zona do euro, pois do contrário a instabilidade social e política vai crescer.