Ritmo de vendas industriais em queda

As desvalorizações do dólar e das commodities e a elevação da taxa de juros diminuíram o ritmo das vendas industriais paranaenses. Com isso, o faturamento do setor caiu 0,3% em abril, em relação a março. Com o resultado negativo, a curva de vendas, que era ascendente, se estabilizou, mas continua no mesmo patamar de 2002, considerado o melhor ano da indústria do Paraná.

O setor industrial cresce movido pela inércia de 2004, quando o dólar forte manteve a produção e as exportações em alta. Segundo o presidente da Federação da Indústria do Paraná, Rodrigo Rocha Loures, ?apesar da queda do dólar em 10%, os empresários continuam mantendo as exportações, ainda que, no futuro, o cenário se mostre mais restritivo em função da valorização do real, das altas taxas de juros e queda das commodities?. Em abril de 2004, a taxa Selic estava em 15,5%, contra os 19,5% no mesmo mês deste ano.

Apesar da queda no mês, o resultado das vendas da indústria local se mantém positivo em 3,97%, quando comparado o balanço do primeiro quadrimestre deste ano com o do mesmo período de 2004. Dos dezoito itens pesquisados, metade contribuiu para alta no faturamento industrial neste início de 2005. Os dados são da pesquisa Análise Conjuntural, elaborada pelo Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e divulgada ontem.

As vendas industriais caíram 0,85% dentro do Paraná e 7,28% para os demais estados brasileiros. Já o faturamento obtido com as exportações cresceu 21,71%. A avaliação é que o crescimento no resultado das vendas para o exterior foi puxado por contratos fechados na época do dólar alto (para produtos com valor agregado) e no caso dos derivados de comoditties a alta está se dando pelo maior volume de embarques.

No acumulado do ano, o faturamento industrial gerado pelas exportações cresceu 9,12%, sobre o mesmo período de 2004. Também houve crescimento de 10,39% com as vendas dentro do Paraná. Ao mesmo tempo, houve retração de 3% no resultado do comércio com outros estados brasileiros. Ainda de acordo com a pesquisa do Departamento Econômico da Fiep, as compras do setor industrial paranaense dentro do Brasil, entre janeiro a abril, foi recorde, com um aumento de 22,2% sobre o mesmo período de 2004. As compras de produtos importados tiveram alta de 7,3%. Também houve expansão das compras dentro do Paraná (7,77%).

Emprego

Seguindo uma tendência histórica, a indústria paranaense gerou 11 mil novas vagas de trabalho (8,46%) sobre o primeiro quadrimestre de 2004. Material de transportes (40,89%), Química (19,09%) e Produtos Alimentares (13,27%) foram setores que mais aumentaram seus quadros.

Os setores com maiores declínios foram Matérias Plásticas (20,46%), Mecânica (13,08%) e Têxtil (8,61%). Segundo Maurílio Schmitt, estes segmentos passam por reestruturações. Em abril, a capacidade instalada subiu para 78%, um ponto percentual acima de março, enquanto as horas trabalhadas aumentaram 5,55%. Em relação a março, a massa salarial líquida dos trabalhadores da indústria apresentou aumento de 3,19%.

Média nacional é de alta de 0,13%, diz CNI

Em todo o País, as vendas da indústria apresentaram acomodação em abril, de acordo com os indicadores industriais divulgados ontem pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), com crescimento de 0,13% (índice dessazonalizado) em relação a março. Na comparação com abril de 2004, quando a base de comparação não era tão elevada, a alta foi 2,92%. Apesar da acomodação das vendas, no entanto, as horas trabalhadas na produção subiram 3,48% no mês na comparação com março e 9,06% quando comparadas a abril de 2004.

De acordo com a unidade de política econômica da CNI, o deslocamento entre esses dois indicadores – vendas e horas trabalhadas – pode estar relacionado tanto a um erro de percepção do empresário sobre a demanda quanto ao fato de uma parcela crescente da produção estar sendo direcionada às exportações.

De acordo com os indicadores, o nível de emprego na indústria aumentou 0,49% entre março e abril deste ano e 6,56% na comparação com abril de 2004. No acumulado do ano, a expansão do emprego na indústria atingiu 6,85% em relação a 2004.

Os salários líquidos recuaram 0,05% em abril, mas ficaram 8,68% acima do registrado em abril de 2004. Entre janeiro e abril, a alta chegou a 9,02% com relação ao mesmo período do ano passado.

O uso da capacidade instalada em abril ficou em 82,1%, índice considerado alto para o mês de abril.

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