Revitalização de SP pode espelhar modelo de Londres, diz executivo da Argent

O processo de revitalização da região de King’s Cross, na área central de Londres, pode ser um modelo para os projetos de reestruturação urbanística de São Paulo. Responsável pelo projeto londrino, Peter Freeman, fundador da gestora de empreendimentos imobiliários Argent, falou nesta terça-feira, 14, a lideranças do setor da construção no Summit Imobiliário 2015, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo na capital paulista. Em projetos desse gênero, Freeman afirmou ser necessário haver quantidade suficiente de área para grandes massas, disse que os elaboradores do projeto precisam ser realistas quanto à demanda e aos preços e defendeu o “uso misto” dos espaços.

Além disso, ele defendeu outros dois pontos em projetos que têm como objetivo repensar o espaço público. “É preciso valorizar as áreas comuns, com praças, bancos e fontes, e o capital precisa ser paciente”, pontuou. Freeman define “capital paciente” como aquele que espera retornos não “muito grandes”, aceitando remuneração de quase 8%, exemplificou. Além disso, ele não deve contar com “reavaliações diárias”, por entender que esses projetos têm objetivos de longo prazo.

Em sua palestra, Freeman apresentou um estudo de caso sobre a reestruturação da região de King’s Cross, na área central de Londres. Ele defendeu a necessidade de se pensar em lugares públicos, como áreas para as pessoas se divertirem e não apenas para escritórios, casas e “dinheiro”. “É possível fazer esquema rentável com maior uso social”, afirmou.

Traçando as similaridades entre Londres e São Paulo, Freeman disse que ambas as cidades são muito grandes e têm aspectos arquitetônicos históricos. “Não tenho certeza como é por aqui, mas a área central de Londres havia se tornado local de prostituição e uso drogas e acabou abandonada”, detalhou, em referência à ida de moradores para os subúrbios em detrimento das áreas centrais.

Ele ponderou que este processo dificultava a obtenção de investimentos na área. “Era uma região considerada perigosa e que não atraía nenhum investimento”, relatou. Ao projetar a revitalização da área, Freeman defendeu o uso misto do espaço urbano, com distribuição para espaços comerciais, residenciais, hoteleiros, de cultura e lazer. “Dessa forma, você garante que a área sempre estará ocupada, o que é bom para os negócios, para os moradores”, destacou, citando prédios de escritórios e de apartamentos, além de restaurantes e sedes de faculdades.

A revitalização de King’s Cross levou seis anos para ser planejada e passou três anos em processo de desapropriação da área. “Grande desenvolvimento urbanístico requer desapropriação para haver retorno para a comunidade, mas com recompensa justa”, afirmou. O processo de construção já ocorre há seis anos e deve ser finalizado em 2021.

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